O dólar tem operado em alta no Brasil, impactando setores. Ontem, a moeda fechou cotada a R$ 3,55, no maior valor em quase dois anos. Para as exportações, a valorização do câmbio é uma oportunidade de gerar mais negócios, mas para as importações e para quem planeja viajar ao Exterior, o efeito é negativo. A cotação nas casas de câmbio de Fortaleza, na tarde de ontem, chegou a R$ 3,75. A previsão é de continuidade das altas, reflexo do aumento de juros dos Estados Unidos e do contexto de insegurança da política brasileira.
O economista Ricardo Eleutério explica que a alta do dólar favorece, além do exportador, as ações ligadas ao dólar no mercado financeiro, tornando os fundos cambiais mais atrativos. “Estimula a vinda de estrangeiros ao País e favorece ainda que as empresas nacionais ligadas ao dólar captem juros externos, porque a taxa de juros lá fora é menor”, diz.
[SAIBAMAIS]Dados do Banco Central mostram que o Brasil continuou recebendo forte volume de capital estrangeiro nos últimos dias, acumulando ingresso de US$ 13,075 bilhões nas quatro primeiras semanas de abril. No segmento financeiro - onde estão os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros - houve entrada de US$ 6,372 bilhões nos 27 primeiros dias de abril.
Para o mercado importador, a alta do dólar chega ao bolso do consumidor, pois aumenta o preço dos insumos, sendo repassado para o valor final dos produtos. São exemplos os derivados do trigo e derivados do petróleo, como a gasolina. “Geram impactos diretos e de forma mais espalhada isso afeta a cesta-básica”, observa o economista Alex Araújo.
Alcântara Macedo, economista e consultor, observa que a insegurança política do Brasil tem levado à insegurança jurídica, tornando vulnerável a relação cambial do País. “Se não tivermos a consciência de fazermos as reformas, independentemente de esquerda, direita ou centro, nossos problemas em relação ao mercado internacional vão aumenta”, avalia.
Para ele, a indefinição do estadista que poderá implementar as reformas e o déficit público “descontrolado” podem aumentar a taxa de juros e a inflação no Brasil, além de causar desemprego.
Já para quem viaja ao Exterior o impacto é na compra da moeda. A diretora da Ceará Travel, Verônica Patrício, aconselha antecedência. Ela lembra ainda que, ano passado, houve falta do dólar por quatro dias.
Colaborou Sara Cordeiro/Especial para O POVO
Menor poder aquisitivo
Tanto alta como baixa do dólar impactam no comércio. A maioria dos insumos que entram na composição dos produtos é importada. Muitos são importados da China e quando o dólar sobe essas mercadorias sobem também, diminuindo o poder aquisitivo do consumidor.
Assis Cavalcante – presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-Fortaleza)
Favorece viagens pelo Brasil
Eliseu Barros – presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE)
Oportunidade para exportações
Ana Karina Frota – gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec)
DICAS PARA TROCAR
PLANEJAMENTO
Planeje quanto irá gastar por dia e no total.PESQUISE
Pesquise com antecedência a diferença de valores entre as casas de câmbio.PEQUENOS VALORES
Quando encontrar um câmbio com valor mais baixo, compre uma parte da moeda. Evite comprar tudo de uma vez.
CASA DE CÂMBIO
Procurar uma casa de câmbio autorizada pelo Banco Central.COMPRA
Compre parte em papel moeda e parte em cartão pré-pago para ter segurança contra roubos.TAXAS
Certifique-se de que todas as taxas já estão inclusas. Há locais que cobram até R$ 60 de serviço.
ANTECEDÊNCIA
Reserve a moeda na casa de câmbio com pelo menos dois dias antecedência.REGRAS
Quando viajar com a quantia maior do que R$ 10mil, a pessoa tem a obrigação declarar à Receita Federal.VIAJE COM MOEDA
Já viaje do Brasil com a moeda do país que irá visitar.