Enquanto o preço dos alimentos despenca, o do gás de cozinha dispara. O preço do botijão de 13 quilos já subiu 68% desde junho, quando a Petrobras criou uma regra de correção automática do valor do produto, aplicada no dia 5 de cada mês. Sobre o assunto, o economista chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, afirma que “é evidente que a Petrobras está jogando na conta do cidadão o equacionamento da sua dívida”.

Mesmo com o preço dos alimentos dando margem para essa política de reajustes, os mais pobres são apenados. Ele destaca que notícias publicadas na imprensa mostram parcelas mais humildes da população voltando a usar lenha. Para o economista, esse fato lembra a peça de Oswald de Andrade de 1929 – “O Rei da Vela”, fazendo os personagens pararem de usar iluminação à gás e voltarem às velas, por questões econômicas.

“Essa notícia ilustra o episódio e constitui, no entender deste economista, uma vergonha nacional. Um retrocesso que pelo que nos informa a peça de 88 anos atrás uma quase tradição por estes trópicos”, afirma André Perfeito.

Pela pesquisa informal do O POVO, ontem, revendedoras informaram preços de R$ 75 (pagamento à vista em dinheiro) para botijões da Nacional Gás e Liquigás. No caso, da Ultragaz foram encontrados preços a R$70. Os entrevistados não souberam dizer até quando esse preço será mantido. “Vai depender da Petrobras”, comentou um deles que prefere não se identificar. (Artumira Dutra)