O recuo simultâneo do Produto Interno Bruto (PIB) em todas as unidades da federação, em 2015, é inédito no Brasil, considerando a série histórica da pesquisa, iniciada em 2002. Segundo os dados das Contas Regionais, divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Ceará o PIB caiu -3,4%, ficando próximo da média do País (-3,5%).
Em termos monetários, atingiu o valor de R$ 130,6 bilhões, o que equivale a uma participação de 2,2% do PIB do Brasil, sendo a 12ª maior economia do País. No ranking nacional, o Estado ocupa a 16ª colocação, integrando o grupo de estados cujas participações, somadas, representam 40% do PIB brasileiro.
[SAIBAMAIS]Segundo o gerente das Contas Regionais, Frederico Cunha, o resultado foi puxado, em todo País, pelas quedas significativas do comércio, construção civil e indústria da transformação. No Ceará, duas atividades puxaram o crescimento da economia para baixo: indústria da transformação (-10,4%) e agropecuária (-18,9%). O quadro recessivo foi arrematado pelo comércio (-6,1%), atividade que tem peso de quase 15% na economia estadual, e pela construção (-2%).
O que amorteceu, observa Cunha, foi o setor da administração pública, que representa 23,7% do PIB, crescendo 0,9%. A redução dos serviços não foi muito grande (1,5%), se comparada a outros estados, o que mais pesa na economia cearense (76% em 2015).
Além da administração pública, a educação e saúde privadas tiveram bom desempenho. A atividade financeira (bancos e seguradoras) teve o melhor resultado do Ceará, que em volume cresceu 6,4%.
O coordenador de Contas Regionais do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Nicolino Trompieri Neto, explica que O setor de serviços também apresentou queda no ano de 2015, porém em ritmo menos acelerado que o setor da agropecuária e indústria, o que ocasionou ganho de participação na economia do Estado. Acrescenta que as principais atividades que influenciaram negativamente o setor de serviços foram transporte, armazenagem e correio (-10%) e comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (-6,1%).
Nicolino observa, ainda, que a atividade Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP) foi a única da indústria que registrou crescimento em 2015, com variação de 5,3%, comparado ao ano 2014. “Mesmo com esse fraco desempenho o setor da Indústria ganhou participação na composição da economia do Ceará, passando de 19,2%, em 2014, para 19,6%, em 2015.
Em relação ao desempenho negativo da agropecuária do Ceará, ele diz que está associado ao baixo volume de chuvas ocorridas nesse ano. As atividades “Pecuária, inclusive apoio à pecuária” e “Produção florestal, pesca e aquicultura” também apresentaram queda de 4,7% e 8,3%, respectivamente, comparado ao ano de 2014.
Seca
Essas perdas também ocorreram em razão do período de seca no Estado. “Como consequência desses resultados o setor a agropecuário perdeu participação na composição econômica do Ceará, participando com apenas 4,5%, quando em 2014 era de 5,2%” completa o coordenador de Contas Públicas do Ipece.
Os estados que tiveram melhor resultado foram bastante influenciados pela agropecuária. O que pesou negativamente foi a indústria de transformação, o comércio e a construção civil. Todas essas atividades tiveram quedas expressivas”, acrescenta Frederico Cunha.
NÚMEROS
6,1%
Foi a retração do comércio, atividade que tem peso de 15% na economia estadual
2%
Foi a queda observada no setor na cearense, a menor entre os setores