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Fortaleza foi escolhida sede do hub da Air France-KLM. A Cidade acena com a perspectiva de novos investimentos. E quais são os impactos para a economia da Capital com a implantação do centro de conexões?

A priori, atividades ligadas ao setor aéreo são as maiores beneficiadas – conhecidas em inglês como ground handling services. Eles englobam serviços prestados às aeronaves, bagagem, passageiros e carga. “As primeiras a serem atraídas são as empresas do setor de segurança de bagagens, catering e manutenção de aeronaves”, explica Carlos Grotta, especialista em transporte aéreo e infraestrutura aeroportuária.

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Em 2016, Fortaleza aprovou projeto que isenta de ISS os serviços para implantação e operação de hub de companhias aéreas e reduz de 5% para 2% o tributo para serviços como manutenção de aeronaves, hospedagem das tripulações, venda de passagens e pacotes turísticos. Além de isenção do IPTU e ITBI.

A Capital também ganharia com a prática do “stopover” – quando o passageiro faz de maneira voluntária uma escala ou conexão com duração maior que 24 horas. “Isso permite que ele consuma o turismo de Fortaleza, mas também lazer e entretenimento. Dependerá de adaptação para receber esse passageiro”, considera. Ele cita o caso do Aeroporto de Hong Kong (China). “A cidade transformou a área circunvizinha criando hotéis, parques de diversão, campos de golfe e shoppings para atender essa demanda. O viajante, que não quer sair da zona do aeroporto, consumirá esses produtos”, disse.

 

E o hub da Latam?

Após a escolha de Fortaleza como sede do hub da Air France-KLM, a expectativa é que a Latam também anuncie seu centro de conexões no Nordeste. Fortaleza, mais uma vez, entra na disputa. A concorrência se dá por Natal e Recife. De acordo com Carlos Grotta, o hub da Air France- KLM não inviabiliza o centro de conexões da Latam e nem faz com que a capital cearense perca competitividade na disputa. “A Latam deve observar o comportamento da demanda de passageiros. Se for viável, não vai medir esforços para investir”, diz.
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“A empresa esclarece que dada a situação macroeconômica do Brasil, que tem registrado queda significativa na demanda nos últimos meses, e com baixa perspectiva de retomada de crescimento num curto prazo (...) a escolha da cidade que poderá receber o hub será feita em um momento mais adequado”, diz a Latam em nota.

Em 2015 a Latam faria o anúncio do centro de conexões até o final do ano. O prazo foi adiado para o primeiro semestre de 2016. Em julho do ano passado, a companhia protelou o prazo por tempo indeterminado.

COMO FUNCIONA

1. O hub é um ponto no qual se concentra uma grande quantidade de conexão de cargas ou passageiros. Para as empresas aéreas, significa menos quilometragem de voos, economia de combustível e solução para cobrir trechos pouco demandados, evitando prejuízos. Ao mesmo tempo, o consumidor conta com mais opções de horários de voos.

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2. Na prática, um cliente que viaja do Peru para Portugal, por exemplo, não terá de se deslocar até São Paulo (hub de Guarulhos) para a conexão. Com o hub no Nordeste, a aeronave evita voar até o Sudeste. Diminui o deslocamento e, em outra frente, reduz os custos operacionais.

3. De acordo com o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, o hub e novos voos devem propiciar aumento de 35% no fluxo de passageiros e voos operados pela Gol

4. Kakinoff ainda estima um aumento de 16% no voos da Air France, a nível nacional

 

Aeronave

 

No caso do voo de Fortaleza para Paris será usado um Airbus A340, com capacidade para 278 passageiros e para Amsterdam será um A330 com 268 assentos. Todos com opção de passagens econômica, intermediária e executiva. Serviços de bordo como alimentação e a reserva de assento não são cobrados à parte.

 

“O produto da aeronave é coerente com o padrão da companhia Air France, a qualidade dos serviços, dimensão dos assentos, é tudo a mesma. Em termos de comercialização das passagens também serão os mesmos canais habituais”, afirmou Jean-Marc Pouchol.

O início das vendas depende agora apenas da autorização do voo pelas autoridades brasileiras. Além dos voos internacionais, a oferta de voos domésticos também será ampliada pelo hub, diz o diretor geral Air France-KLM para a América do Sul, Jean-Marc Pouchol.

 

Exportações

 

O maior tráfego de aeronaves em Fortaleza representa um aumento do comércio exterior, especialmente no âmbito das exportações do Estado. “A eficiência logística das nossas exportações também serão beneficiadas. Somos grandes produtores de flores e pescados, mas tínhamos dificuldade em escoar esta produção por via aérea. A rota abre a possibilidade para o agronegócio”, ressalta César Ribeiro, titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE).

BASTIDORES

O POVO apurou que, em junho, quando a pauta oficial era uma Visita ao Instituto Pasteur, em Paris, Camilo manteve um encontro secreto com a direção da Air France.

Foi recebido pelo vice-presidente-executivo, Henry Lagarde. Lá ele ofereceu as condições competitivas para o hub aqui (as mesmas oferecidas para a Latam). E saiu animado com a conversa.