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Consumo das famílias puxa PIB do Brasil
Economia

Consumo das famílias puxa PIB do Brasil

Alta de 0,2% foi obtida pelo consumo das famílias e o crescimento do setor de serviços. Apesar de o Governo comemorar o resultado, especialistas acreditam que números ainda não permitem falar em "fim da crise"
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O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou crescimento de 0,2% no segundo trimestre, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. O resultado, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi puxado pelo desempenho do setor de serviços, com destaque para o comércio, e pelo consumo das famílias, que cresceu após mais de dois anos de recuo. Governo comemora, mas especialistas acham que ainda é cedo para isso.


O economista chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, diz que não há muito o que comemorar. “Sabemos com os dados do investimento em baixa que não há polo de crescimento econômico consistente na economia brasileira e iremos viver de susto em susto com o PIB; ora a agricultura salva, em outro momento o saque do FGTS”, completa, ressaltando que os próximos trimestres tendem a ser “menos piores” por conta de uma base de comparação ainda fraca. Para ele, é cedo para falar em recuperação da economia.

[SAIBAMAIS]

Para o doutor em Economia e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Lettieri, os números divulgados não permitem, ainda, falar em fim da crise, como tenta fazer crer o governo. “Há um exagero nessa comemoração”, afirma. Acrescenta que o fato do País ter um crescimento um pouco acima da expectativa de mercado (0,2% contra 0,0%), nesta ordem de grandeza, não significa, absolutamente, qualquer sinalização de um início da retomada do crescimento”, avalia.


Lettieri lembra que a comparação é feita com períodos bases de grave recessão, quando o PIB despencou, e os dados desagregados não sinalizam uma recuperação consistente. Destaca que a indústria continua em recessão, com quedas de 0,4% na indústria extrativista, 2,0% na Construção e 1,3% no setor de eletricidade e gás. “Mesmo na indústria da transformação, os números indicam estabilidade”, comenta, salientando que os serviços salvaram o trimestre, influenciado pela elevação do Consumo das famílias, que cresceu 1,4%. Explica que esse desempenho foi resultante “de medidas estanques do governo (como a liberação do FGTS e a redução dos juros no consignado), incentivos que só permitem um salto, não um voo”.


O sócio da SM Consultoria Empresarial, Gregório Matias, diz que o avanço de 0,2% é uma boa notícia. “Demonstra que a economia mostra sinais de reação e a tendência de retomada do crescimento a cada dia se concretiza, em que pese precisar muito ser feito para que retornemos aos patamares de crescimento mais elevados”, afirma.

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Recessão

Segundo economistas, tecnicamente é possível dizer que o País começa a sair da recessão, uma vez que registraram-se dois trimestres de crescimento. Mas que a recuperação ainda é incerta, pois não há uma melhora em todos os setores. Além disso, a incerteza política continua ameaçando o cenário econômico. O IBGE não fala em recessão. Diz apenas que o Brasil está num ciclo econômico ascendente desde o segundo semestre de 2017 e o 0,2% é uma variação positiva que nem é chamada de crescimento. “Apontamos crescimento quando é superior a 0,5%”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de La Rocque Pali.

 

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