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Ceará 2050: um plano para consolidar e acelerar o desenvolvimento
Economia

Ceará 2050: um plano para consolidar e acelerar o desenvolvimento

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Nas últimas décadas, o Ceará contou com governantes comprometidos com o equilíbrio das contas públicas; fortes investimentos em infraestrutura e no bem-estar da população; uma política arrojada de atração de empresas; e iniciativas sociais de reconhecimento internacional - a exemplo dos agentes comunitários de saúde e o Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic).


Contudo, essa boa-governança precisa avançar no mesmo ritmo das justas e crescentes aspirações sociais pela oferta de serviços públicos mais amplos e de melhor qualidade. Apesar da economia cearense ter crescido por mais de uma década acima da média nacional, esse desempenho não tem sido suficiente para compensar desigualdades sociais e regionais.


O Ceará continua detendo 4,5% da população brasileira, mas só 2,1% da riqueza, o que resulta na vigésima-sexta renda per capita do País.

Situação estacionária e praticamente semelhante aos demais estados nordestinos - em decorrência, em muito, pela falta de um projeto nacional de desenvolvimento regional.


A despeito do crescimento recente do Ceará, fortemente baseado na poupança pública, constata-se uma exaustão desse modelo, principalmente se levarmos em conta as restrições econômicas que vigoram no país e suas repercussões nas regiões menos desenvolvidas.


Estamos diante de um cenário futuro de poucas certezas e dados presentes preocupantes. Ainda temos 192 mil crianças vivendo na extrema pobreza, e de cada 110 pessoas nessa condição no País, nove residem no Ceará. Além disso, 27% dos jovens cearenses entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham.


Esses dados impõem uma reflexão profunda sobre a necessidade de criação de um novo ciclo desenvolvimento econômico e social para o Estado e novas políticas sociais - que possam ser monitoradas e avaliadas constantemente para que sejamos capazes de melhorar os indicadores nas próximas décadas. Impõe determinação para evoluir e uma ação de planejamento consistente - como já fomos capazes de realizar em outros períodos da nossa história


Um movimento que congregue todas as inteligências cearenses - independente de matiz partidária ou condição social - num debate que leve em conta algumas questões cruciais. Inicialmente, cabe refletir sobre por que a boa-governança e os investimentos em capital físico e humano ainda não estão sendo suficientes para atender as demandas da sociedade e nos elevar para outro patamar de desenvolvimento.


Em seguida, ponderar sobre quais estratégias devemos priorizar para atender expectativas futuras da população cearense. Convém, principalmente, uma reflexão sobre como devemos nos posicionar nos próximos 30 anos ante um cenário econômico competitivo e uma sociedade em rápida mutação.


São essas questões que o Projeto Ceará 2050, em a parceria com a Universidade Federal (UFC), além de outros centros de ensino e pesquisa regionais, nacionais e internacionais, pretende responder de forma objetiva, construindo um planejamento consistente e duradouro.


Um projeto oportuno, considerando que o Ceará precisa lidar com grandes temas econômicos, com a expectativa, por exemplo, de se tornar um entroncamento logístico internacional (hub); com a presença da empresa aeroportuária alemã Fraport, e os cabos submarinos de fibra ótica que conectam Fortaleza com a África e aos Estados Unidos.


Além disso, a possibilidade iminente de parceria entre o Pecém e o porto holandês de Roterdã - um dos maiores terminais do mundo. Há ainda o potencial representado pela grande rede de conhecimento do nosso estado, com suas universidades e escolas profissionalizantes e que serão imprescindíveis para construir um novo ciclo de desenvolvimento para o Ceará.


Grandes possibilidades, enfim, que demandam participação ativa da sociedade civil e que vai pautar o Ceará nas próximas décadas, independente de quem esteja no comando da administração estadual.

Uma iniciativa, ressalte-se, digna e corajosa do governador Camilo Santana, que revela preocupação genuína com o futuro dos cearenses.


Convém ressaltar que esse planejamento não tenciona vincular futuros gestores a cumprir um roteiro fechado. Trata-se de um movimento natural de um governo e de uma sociedade preocupados com o futuro do Ceará e com o fortalecimento da boa tradição de planejamento que temos nos últimos 30 anos.


Uma tradição que data do governo Virgílio Távora, já atento à sua época com indústrias de base (siderurgia, refino de petróleo), e que teve Tasso Jereissati como outro expoente nas áreas de gestão e infraestrutura - uma cultura reforçada por Beni Veras, Lúcio Alcântara, Ciro e Cid Gomes e atualmente por Camilo Santana.


Contudo, embora não haja um roteiro fechado para o projeto Ceará 2050, que será lançado no dia 2 de outubro, a expectativa é que as reflexões previstas para os próximos meses levem em conta premissas como a sustentabilidade ambiental, a gestão pública eficiente, os investimentos em desenvolvimento social e a atenção especial à economia do conhecimento - que é a tendência das sociedades mais modernas. Esse é o propósito. E esse é o desafio do Ceará 2050. 

 

Francisco Maia Júnior

Secretário do Planejamento e Gestão do Estado

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