O cheque especial pode ser um aliado ou pode ser um vilão. Tudo depende de como o cliente usa esse crédito que também é chamado de limite da conta. Com uma das taxas de juros mais altas do mercado, o uso é recomendado apenas em situações emergenciais e quando o cliente está consciente de que conseguirá pagar o valor do cheque especial no curto prazo. Quando isso não ocorre, o risco é perder o controle e se endividar.
[SAIBAMAIS]A tentação de recorrer a esse recurso é ainda maior porque é fácil de pegar – o cliente entra automaticamente no limite da conta quando usa mais dinheiro do que tem – o banco sobe a taxa de juros porque não sabe se ele pagará essa dívida em pouco tempo. O consumidor usa o dinheiro e paga de volta assim que fizer algum depósito na conta corrente. Então, sem saber quando receberá esse valor, a instituição financeira cobra taxas altas e a dívida sobe rapidamente.
Alguns bancos ainda liberam esse limite por dez dias sem cobrar taxa alguma. Por isso, especialistas recomendam prestar muita atenção para devolver o empréstimo antes desse prazo.
“Não recomendamos o uso do cheque especial porque o risco de levar o consumidor a um superendividamento é muito elevado”, afirma o diretor do Just (plataforma de crédito 100% online), Bruno Poljokan. Acrescenta que em situações muito específicas e de emergência, o cheque especial acaba sendo utilizado para cobrir o rombo no orçamento. Mas aconselha só fazer o uso no curtíssimo prazo. “Não passe mais do que alguns dias nessa situação e tente pagar logo o valor que ficou em aberto”.
Bruno destaca que uma alternativa é pegar um empréstimo pessoal para se livrar dessas pendências. “A dica é pegar dinheiro emprestado no crédito pessoal para quitar o saldo devedor no cheque especial e, então, passar apenas a pagar as prestações do empréstimo pessoal”, diz, ressaltando que como a taxa de juros é menor, a pessoa vai economizar dinheiro e organizar o orçamento.
O economista Vitor Leitão também rejeita o uso do cheque especial. “Não há uso consciente e deve sempre ser evitado”, comenta, considerando que, geralmente, o consumidor tem algum limite pré-aprovado de crédito pessoal que, embora também seja muito caro, é mais barato. Avalia que a única utilização interessante para o cheque especial é em alguns pacotes de clientes junto aos bancos que oferecem “dez dias gratuitos”. Para ele, caso o cliente faça a utilização desse recurso apenas por esse período vale a pena.
O economista José Maria Porto ressalta que não se pode considerar o cheque especial como complemento de salário, simplesmente por estar disponível na conta corrente. “Ele é um empréstimo com uma taxa de juros muito alta e é para ser utilizado em último caso”, afirma.
Saiba mais
Para quem ainda não sabe identificar o cheque especial, o diretor do Just, Bruno Poljokan, manda prestar atenção ao saldo da conta bancária. Por exemplo, numa renda de R$ 2 mil e um limite pré-aprovado de cheque especial de R$ 1.000, a informação do saldo total vai aparecer de uma maneira parecida como essa:
Saldo disponível total: R$ 3000
Saldo disponível: R$ 2000
Ou seja, a diferença entre o primeiro e o segundo é o limite do cheque especial. “Esse dinheiro extra não é seu, é do banco, e usá-lo vai ter um custo, que é a taxa de juros R$ 1000 (limite do cheque especial)
Prevendo o risco grande de inadimplência, a taxa de juros é mais elevada. Hoje, segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cheque especial é de 12,8% ao mês (ou 322,6% ao ano), tornando o cheque especial um dos campeões de juros altos no Brasil, informa o diretor do Just (plataforma de crédito 100% online)