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Credibilidade do Banco Central é abalada
Economia

Credibilidade do Banco Central é abalada

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Entre o conteúdo divulgado nas delações da JBS está a informação de que a empresa soube antecipadamente, pelo presidente Michel Temer, que a taxa básica de juros, a Selic, seria cortada em um ponto percentual. Além disso, a empresa comprou dólares na última quarta-feira, lucrando com a alta de ontem, provocada pela divulgação do conteúdo da conversa entre Joesley, sócio da JBS, e Temer. Isso deve agravar o cenário econômico, conforme avalia Ricardo Balistiero, mestre em Economia e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia.


Ele explica que a informação de que a empresa se beneficiou com notícia antecipada de baixa da Selic coloca em risco a autonomia e toda política do Banco Central (BC). “Se confirmado, não apenas o presidente Temer, mas o presidente do BC deveria renunciar imediatamente”.


Em nota, o BC diz que as decisões do Comitê de Polícia Monetária (Copom) são tomadas apenas durante as suas reuniões e que não existe possibilidade de antecipação da decisão a qualquer agente. Sobre a compra de dólar antecipadamente, o BC informa que não comenta casos específicos que podem envolver entes regulados.

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Balistiero também aponta gravidade na compra de dólares pela JBS um dia antes de a moeda disparar. “Eles conseguiram se antecipar e lucrar com isso. Eles compraram dólares a R$ 3,15 e se fosse revender hoje seria por R$ 3,50, é uma valorização absurda em um único dia”, diz. A informação fez as ações da empresa despencarem 9,6% ontem, o maior recuo desde março de 2016.


Ações

As ações preferenciais da Petrobras também apresentaram recuo (-15,7%), indicando a maior desvalorização diária desde 1999. Já os papéis preferenciais tiveram seu pior dia desde 2014, com desvalorização de 11,3%. As ações preferenciais são aquelas que dão ao acionista preferência na distribuição de dividendos.

 

Papéis do Bradesco e do Itaú Unibanco também tiveram dia de desvalorização. O preferencial do Bradesco caiu 13,1%, em seu pior desempenho diário desde 1998. Já do Itaú Unibanco caiu 12%, maior queda desde 2008. Ações do Banco do Brasil tiveram queda de 19,9%, a maior desde março de 2016.


Os papéis da Eletrobras caíram 20,97%, enquanto as mais negociadas fecharam em baixa de 16,96%. As ações do Banco do Brasil se desvalorizaram 19,91%. As ações mais negociadas da mineradora Vale subiram 0,39%, a R$ 25,54, e as com direito a voto se valorizaram 0,07%, para R$ 26,86. Isso porque os papéis de exportadoras conseguiram fechar em alta com valorização do dólar.


Joelson Sampaio, professor de economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), diz que havia expectativa de retomada da economia, porque os agentes acreditavam que os indicadores estavam convergindo para retomada do crescimento. “Com esta delação ninguém sabe mais o que vai acontecer”.


Sérgio Melo, economista, diz que as dúvidas sobre o futuro do País apontam para uma das crises mais graves de todos os tempos. “Então tudo o que puder ser feito para evitar o processo especulativo, será bem vindo. Hoje não é momento de se decidir, de forma consciente, sob nenhuma operação da área econômico financeira. Nem comprar, vender, trocar de posição, não é recomendado em um momento como este”, avalia. (Beatriz Cavalcante e Irna Cavalcante)


 
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