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Ceará cresce, mas crise política é risco de retrocesso
Economia

Ceará cresce, mas crise política é risco de retrocesso

Primeiro trimestre foi de crescimento de 1,34% na atividade econômica cearense. Resultado positivo veio depois da queda de 4,1% no fechamento de 2016. A crise política deflagrada nesta semana põe em xeque a recuperação
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Depois de amargar uma queda de 4,1% no índice de atividade econômica medido pelo Banco Central (IBCR) em 2016, o Ceará começa a dar sinais de recuperação. O boletim regional do Banco Central divulgado ontem, em Fortaleza, mostra que, no primeiro trimestre deste ano, o índice teve uma evolução de 1,34%, no comparativo com trimestre anterior. O Estado segue o caminho do Brasil, onde a atividade econômica cresceu 1,12% no trimestre. No entanto a crise política deflagrada nesta semana torna incerta a trajetória futura.

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Ontem, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse que ainda é cedo para avaliar os impactos da nova crise política. “O quadro de incertezas ainda é muito recente, não dá para fazer uma avaliação dessas implicações. É preciso aguardar um pouco mais”, disse ele, que ontem evitou falar sobre o tema.

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Os números do boletim apresentados ainda refletem o cenário anterior à delação da JBS que envolvem o presidente da República Michel Temer. No Ceará, em 2016, o PIB apresentou recuo de 5,3%, mas já era possível perceber uma lenta mudança de ambiente.


A produção industrial, por exemplo, já começava a esboçar uma reação, com crescimento de 0,3% em janeiro de 2017, em relação a igual mês do ano anterior (1,4% no Brasil). “Fica patente a reação dos calçados em função da melhora do cenário de exportação e também a recuperação da indústria têxtil tanto pela exportação, como no mercado interno”, explica o coordenador da Gerência Técnica de Estudos Econômicos em Fortaleza, Afonso Eduardo Jucá.


Porém, é na expansão do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), em função principalmente das operações da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que estão as melhores perspectivas da economia cearense. “A siderúrgica já impacta significativamente nas exportações do Estado e na própria estrutura produtiva local”.


O boletim também reforça que investimentos concluídos e em maturação na geração de energia eólica e a recente privatização do aeroporto internacional Pinto Martins também constituem impactos consideráveis no arcabouço produtivo do estado.


Em função do aumento das chuvas, a previsão é de que este ano a produção de grãos no Ceará aumente 50,3%, em relação ao ano anterior - que foi de seca - chegando a 281,01 mil toneladas. Porém, este volume ainda é muito baixo.


Já o comércio, que representa 16,3% do PIB do Estado, segue apresentado resultados ruins. Em 2016, a queda foi de 10,3%, refletindo a piora nas condições de crédito e a distensão no mercado de trabalho.

 

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O estudo apresentado ontem pelo Banco Central mostra ainda que o saldo das operações de crédito superiores a R$ 1 mil contratadas no Estado atingiu R$ 66,1 bilhões ao final de 2016, elevando-se 5,4% a.a. nos últimos dez anos (alta de 4,9% a.a. no Brasil).


A carteira de pessoa física teve aumento de 52%, com destaque para as participações das modalidades financiamentos habitacionais, crédito consignado e aquisição de automóveis.


Já a de pessoas jurídicas aumentou 48% no total em função das contratações do setor de serviços industriais de utilidade pública e da indústria de transformação.


Em relação às contas públicas, o superávit primário do Ceará recuou de R$1,4 bilhão, em 2008, para R$138 milhões, em 2016, destacando-se a retração, de R$1,3 bilhão para R$ 305 milhões, registrada no superávit do Governo do Estado.

 

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