O Conselho Monetário Nacional (CMN) reduziu os juros do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), em reunião realizada ontem. A resolução 4.561 também congela as taxas até 31 de dezembro. Apesar da redução, há preocupação com os efeitos do congelamento, ante a tendência de queda mais acentuada da Selic. Na prática, isto tornaria o FNE menos atraente.
Para operações de investimento a queda foi de 9% e 10,59% para 8,55% e 10,14%. Para as de capitais de giro caiu de 13,75% e 15,90% para 13,08% e 15,23%. E para as operações de inovação foram de 8,10% e 9,50% para 7,65% e 9,05% %2b bônus. Ou seja, para operações de investimento do FNE a queda foi de 0,45 ponto percentual e para as de capital de giro os juros recuaram 0,68 ponto percentual.
[SAIBAMAIS]Conforme o boletim Focus, do Banco Central (BC), a taxa básica de juros (Selic) deve cair a 9% até o final deste ano. Logo, em certos casos, os juros do FNE vão quase se equiparar aos juros praticados no mercado. É isto que preocupa técnicos do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), que não quiseram se identificar. “A queda de agora não deve ser vista de modo isolado. O fato de ficar congelada até dezembro, ante uma tendência de redução da Selic em maior ritmo, é muito grave”, afirmou ao O POVO um executivo.
Já havia o temor de que a reunião do CMN trouxesse algum impacto para o FNE. O Ministério da Fazenda trabalha para reduzir o chamado crédito direcionado - aqueles com taxas menores para determinados setores. Teme brechas na política de ajuste fiscal.
[QUOTE1]Ainda assim, o vice-presidente do IBEF Ceará e mestre em economia, Ênio Arêa Leão, garante que o FNE não se torna menos atrativo para quem recorre ao BNB, por exemplo, que administra o fundo. “A Selic é ainda mais barata que as outras linhas de crédito porque as empresas não conseguem captá-la pura. A Selic é mesmo só uma base”, diz, acrescentando que o FNE também oferece prazos mais longos.
O consultor empresarial Sérgio Melo corrobora e considera a queda de juros essencial para a retomada de investimentos no Nordeste. Defende que a taxa de juros do mercado é balizada não pela Selic, mas por custos de captação ou tributos, por exemplo. “Ninguém empresta dinheiro com a taxa Selic, mas com a taxa de mercado, a taxa de captação (CDI), tributos, os spreads do banco e inadimplência”. Adiciona que a Selic é mais reguladora de captação de recursos pelo Governo do que pelo o mercado. O POVO procurou o BNB para comentar sobre a mudança, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.