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Como Rogério Ceni pensa o futebol no Fortaleza
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Como Rogério Ceni pensa o futebol no Fortaleza

| O MÉTODO CENI - EXCLUSIVO | Em série de reportagens (de hoje até terça, 2) O POVO DESTRINCHA IDEIAS E MÉTODOS DE CENI NO FORTALEZA
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Os jogadores do Fortaleza tiveram folga nos 12 dias sem atividades entre a vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, no dia 13, e a reapresentação, na última terça-feira, 25. Rogério Ceni e sua comissão técnica, porém, nem tanto. É verdade que alguns dias foram aproveitados para "recarregar as energias", mas muitas horas deste período foram dedicadas ao planejamento da intertemporada do clube até a retomada do Campeonato Brasileiro, em 13 de julho, contra o Avaí. O POVO acompanhou treinamentos com exclusividade e destrincha as ideias e a metodologia de treinamento da preparação leonina. Serão três dias de matérias, começando hoje e terminando na terça-feira, 2.

Mesmo de longe, já que viajou no período sem atividades, o treinador esteve por dentro de todo o planejamento, que contou também participação dos auxiliares Charles Hembert e Nelson Simões, bem como do preparador físico Danilo Augusto. Rogério tem uma comissão integrada e que sabe perfeitamente como tudo deve funcionar.

O técnico italiano Carlo Ancelocci é uma das referências de Ceni, que admite trabalhar em um modelo voltado ao estilo do futebol inglês. Outros treinadores, como Diego Simeone, Jorge Sampaoli e Mauricio Pocchetino também são referências para a criação do método Ceni, que vai se destacando como um estilo peculiar e eficiente no futebol brasileiro.

O modelo Ceni de trabalhar é moderno e contempla sempre diversas valências de forma integrada. Desde o primeiro turno, na tarde de terça-feira passada, sempre houve trabalho com bola. Pela metodologia dinâmica, trabalhos físicos, de força, resistência e potência estão sempre voltados ao modelo de jogo utilizado nas partidas, com situações de enfrentamento similares aos jogos.

A primeira semana é de readaptação. Afinal, o tempo que os atletas estiveram parados gera impacto físico negativo e perda de cerca de 1% do condicionamento a cada dia. A média de déficit, então, ficou de 10% a 15% por jogador, dentro do esperado.

O volume e a carga de treino têm sido mais moderados no retorno, mas isso não representa pouca intensidade. As atividades são "pegadas" e o ritmo vai aumentando a cada sessão de treinamentos. O lastro vai gradativamente ficando maior para que não haja sobrecarga e lesões.

Nesta retomada, as atividades ocorreram no chamado "5-1". A cada cinco turnos trabalhados, uma folga. No fim de semana, foi no "3-1", já que o elenco trabalhou sexta pela tarde, sábado pela manhã e tarde e folgou no domingo. A partir de amanhã será iniciado um "choque de intensidade". É chamado de supercompensação, em que o ritmo é acelerado para, na semana seguinte, justamente a que antecede a partida contra o Avaí, possa voltar a ser menos desgastante e recuperar os atletas para o encontro. Detalhes desta parte da preparação estarão na reportagem desta segunda.

Nos treinos, sempre com gramado molhado e espaço reduzido, cada atleta toca no máximo duas vezes na pelota, buscando sempre passes curtos e rápidos, com marcação pressão, movimentação e ocupação de espaços. Quem não faz, leva carão do professor. O nível de exigência é alto.

O comandante leonino cobra seriedade e cria competitividade no elenco. Acha positivo ter jogadores vibrantes como Derley e André Luis, que têm muita "chegada" e não diminuem o ritmo mesmo em um treino. Julga ser algo que estimula o grupo a ficar sempre ligado.

Sem falar que, quem erra muito e vai abaixo dos outros, é "castigado" com voltas ao redor do gramado.

Esses são alguns dos fatores que enraizaram um modelo de jogo eficiente e comprovadamente vencedor.

O Rogério Ceni que o torcedor do Fortaleza está acostumado a ver à beira de campo é o mesmo dos treinamentos. O time, em campo, que se mostra organizado e disciplinado taticamente, é reflexo dos trabalhos modernos e eficientes desenvolvidos pelo treinador no dia a dia. Cobra, grita, participa e joga junto. O método Ceni é, de fato, diferente.

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