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"Esperamos fotografar o buraco negro no centrode nossa galáxia"
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"Esperamos fotografar o buraco negro no centrode nossa galáxia"

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Lindy Blackburn, pesquisador de Harvard (Foto: DIVULGAÇÃO)
Foto: DIVULGAÇÃO Lindy Blackburn, pesquisador de Harvard

No dia 10 de abril deste ano o mundo viu pela primeira vez a foto de um buraco negro. Imagem foi possível devido ao trabalho de um grupo de cientistas americanos, que utilizaram tecnologia de combinação de dados obtidos de vários satélites ao redor do mundo para construí-la. Um desses foi Lindy Blackburn, astrônomo de rádio e cientista de dados da EHT no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.

O POVO: Por que você começou a pesquisar sobre buracos negros?

Lindy Blackburn: O fato de a Teoria Geral da Relatividade de Einstein capturar a atenção e a imaginação do público geral mostra como nós todos temos uma curiosidade fundamental sobre o espaço e o tempo. Buracos negros são uma das várias previsões bizarras da Teoria da Relatividade, e a ideia de eles poderem ser observados diretamente motivou meu trabalho na relatividade experimental desde a graduação, primeiro com Ligo (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory's - Observatório de Ondas Gravitacionais com Interferômetro a Laser, em tradução livre) e agora com EHT (Event Horizon Telescope - Telescópio de Horizonte de Eventos, em tradução livre).

OP: Há quanto tempo a equipe estava trabalhando no tema até ser possível registrar a foto de um buraco negro?

Lindy Blackburn: Eu entrei no EHT (projeto para criar um grande conjunto de telescópios e combinar os dados de várias estações de interferometria por toda a Terra. Técnica responsável por formar foto do buraco negro) no outono de 2014. Nessa época, o EHT operava como uma matriz preliminar com estações na Califórnia, Arizona, Havaí e no Chile. Desde então o EHT cresceu para a estação mundial 8-11 de imagens que está atualmente em operação.

OP: Como vocês conseguiram a foto do buraco negro?

Lindy Blackburn: No nosso observatório de comprimento de onda de rádio é necessário um telescópio do tamanho da Terra para se conseguir a resolução angular necessária para se fotografar o buraco negro no M87. Para conseguir isso, nós juntamos telescópios em diferentes locais ao redor do mundo e focamos as ondas de rádio que coletamos computacionalmente em um supercomputador.

OP: O que a foto significa para a ciência? O que pode provar?

Lindy Blackburn: Prova que buracos negros supermassivos existem no centro das galáxias, e que eles jogam sombras no gás quente, aproximando seus horizontes de eventos como descrito pela Teoria Geral da Relatividade.

OP: O que pode ser desenvolvido a partir disso?

Lindy Blackburn: Tirar a primeira foto de um buraco negro é um marco histórico enorme para o EHT, mas ainda há uma grande quantidade de dados de nossa campanha de observação de 2017, assim como as futuras observações que ainda estamos trabalhando. Nós esperamos conseguir confirmar nossa imagem do buraco negro do M87 nos próximos anos e rastrear qualquer mudança na fonte, mapear os campos magnéticos ao redor do buraco negro que levam aos poderosos jatos vistos, e, também, fotografar e rastrear dinâmicas no buraco negro supermassivo no centro de nossa própria galáxia.

 

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