Integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) fizeram críticas à maneira como o presidente Jair Bolsonaro (PSL) vem conduzindo as articulações em torno da reforma da Previdência, além da falta de diálogo com o Congresso Nacional.
"A gente não acha que é o melhor como ele está fazendo para que isso passe: na porrada, goela abaixo. A gente acredita em algo mais político. Não no toma lá, dá cá ou articulações com interesses escusos. Mas na parte política de sentar e conversar com todo mundo", defende Arthur do Val (DEM), deputado estadual por São Paulo, conhecido pelo seu canal no Youtube, Mamãe Falei.
Eleito para o primeiro mandato na Câmara Federal, Kim Kataguiri (DEM) é sucinto quanto ao jeito de Bolsonaro tratar assunto com o Congresso: "não trata. Tem uma boa equipe técnica na Esplanada dos Ministérios, mas isso não resolve problema a longo prazo. Porque a gente precisa passar as pautas no Congresso", aponta.
A solução, para ele, é urgente se o governo quiser aprovar a reforma da Previdência. "A gente espera que, nesta semana, tenha mudança de postura do governo, porque chegou em um nível de desgaste tem deputados do PSL dando entrevistas contra o presidente Jair Bolsonaro", relata.
O MBL foi um dos apoiadores de Bolsonaro durante o segundo turno da campanha eleitoral, contra Fernando Haddad (PT). "Concordamos com diversas pautas, especialmente na econômica, por causa do ministro Paulo Guedes, também com o pacote (anticrime) do ministro Sérgio Moro", explica Renan Santos, coordenador do MBL nacional.
Porém, ele critica o discurso que vem sendo adotado pelo presidente, "que acirra determinada militância, mas o Brasil é maior que a militância do Bolsonarismo". "Ele não quer conversar e denuncia a conversa como se fosse crime. Se você começa a denunciar a prática política como crime, ferrou. Porque a alternativa à política é a força. O que é que ele está pretendendo?", questiona Renan.
Vereador pela cidade de São Paulo e um dos fundadores do MBL, Fernando Holiday, concorda. "É necessário, acima de tudo, o presidente controlar a fala. Ele fala demais e de forma impulsiva. E os ataques que tem feito ao Congresso não ajudam na tramitação das propostas do governo", aponta.
As lideranças do movimento participaram do 1° Congresso Estadual do MBL Ceará, que ocorreu ontem no Marina Park Hotel, em Fortaleza. Carmelo Neto, coordenador do MBL Ceará, explica que o objetivo do evento foi "levar informação e discutir temas muito importantes (como) Previdência, reajuste fiscal, diminuição do gasto público, temas do conservadorismo, formalidades da política".
Carmelo Neto afirma que a movimentação do MBL tem sido em torno de estruturar o movimento em Fortaleza e no interior. Renan Santos completa. "No Ceará, a direita liberal ocupa um papel minoritário e, por isso, é importante ter um engajamento diferente aqui".