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As angústias depois do massacre de Suzano
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As angústias depois do massacre de Suzano

Relatos apresentados pelo O POVO tentam responder a angústias que surgem após o massacre de Suzano. Pais, professores e jovens oferecem um olhar para a mesma pergunta: e se fosse com você?
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"E se?"

Foi assim que começamos a conversar. Já haviam se passado dois dias desde o massacre na Escola Estadual Raul Brasil, na cidade de Suzano, na região metropolitana de São Paulo, onde dois jovens (um de 17 anos e outro de 25) assassinaram oito pessoas antes de se matarem.

Para cometer o crime, usaram um revólver calibre 38, uma machadinha comprada na internet e uma besta, espécie de arco e flecha com disparo automático.

Além do pesar pelas mortes, cada um de nós, muitos dos quais pais e mães, carregava um sem número de perguntas sobre o que havia acontecido.

Reunidos em círculo, como num desses encontros de pais e mestres na escola, tentamos formulá-las de modo a que pudessem ajudar a quem se encontra desorientado ou "sem bússola", como disse uma colega jornalista, mãe de dois adolescentes.

A primeira interrogação era quase natural - e se fosse com o meu filho? Pior: e se fosse o meu filho a cometer essa atrocidade depois de traçar metodicamente um plano cujo objetivo era chacinar ex-colegas de escola, quase todos da mesma faixa etária?

A essa pergunta, no entanto, seguiram-se outras, todas igualmente incômodas: e se fosse meu aluno, teria eu conseguido evitar esses crimes, ajudando o adolescente a romper esse isolamento tóxico potencializado pelas redes sociais e acolher suas dúvidas num ambiente escolar muitas vezes opressivo?

E se fosse meu amigo, eu lhe reservaria atenção suficiente para detectar carências e atenuar o estado de desamparo no qual se encontrava, emitindo pedidos de socorro que ninguém conseguia enxergar?

E, finalmente: se fosse eu, jovem que se vê frequentemente alvo de alguma chacota no colégio, seja por ser gordo, gay ou negro, seja porque apresenta algum tipo de distúrbio que o leva a afastar-se do convívio com os demais?

Os relatos colhidos por jornalistas do O POVO e publicados a seguir são uma tentativa de lançar pontes e estreitar distâncias entre as pessoas: os pais, os professores, os amigos e os jovens que precisem de escuta neste momento.

 

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