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CAMINHOS PARA MELHOR CONVÍVIO COM OS CICLISTAS
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CAMINHOS PARA MELHOR CONVÍVIO COM OS CICLISTAS

|AMBIENTE FAVORÁVEL| A Capital é a segunda do País com maior investimento público em malha cicloviária por km² de extensão territorial, atrás apenas de Vitória
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O ENGENHEIRO Felipe Alves trocou o carro pela bicicleta há seis anos (Foto: ALEX GOMES/especial para o povo)
Foto: ALEX GOMES/especial para o povo O ENGENHEIRO Felipe Alves trocou o carro pela bicicleta há seis anos

Em dez anos, Fortaleza saiu de 40 km de ciclovias para 255,1 km de malha cicloviária que contempla ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas e passeios compartilhados. O que fez com que a Capital cearense passasse ao posto de quarta cidade brasileira com maior infraestrutura cicloviária, atrás de São Paulo (498,4 km), Rio de Janeiro (441,1 km) e Brasília (420,1 km). Considerando o investimento na malha cicloviária por km² de extensão territorial nas capitais do País, proporcionalmente, Fortaleza é a segunda do ranking. Perde apenas de Vitória, conforme o estudo Economia da
Bicicleta no Brasil 2018.

A Cidade também dispõe, de 2014 para cá, de 80 estações de bicicletas compartilhadas, sete no Sistema de Bicicleta Integrada nos terminais de ônibus, cinco estações de bicicletas infantis, além de seis estações do Bicicletar Corporativo disponíveis em prédios públicos destinadas a funcionários da
gestão municipal.

Este avanço na infraestrutura urbana da Cidade foi decisivo para que o engenheiro Felipe Alves, 36, decidisse usar a bicicleta, antes restrita aos momentos de lazer, como seu principal meio de mobilidade. "Fortaleza melhorou muito neste sentido. Andar para todos os cantos de bicicleta, de forma segura, ainda não é para todo mundo ou para fazer tudo, mas para várias situações é bem possível", afirma.

Para isso, tem duas bicicletas: uma fixa (sem roda livre, freios e marchas) e outra convencional com bagageiro, que alterna conforme o uso. "Ter um carro já não é mais vantagem. Não gasto com deslocamento, não emito pico de poluição, não trago tantos riscos a outro usuário da via e ainda tem a questão da saúde, porque me mantenho o tempo inteiro em atividade", diz.

Ao cruzar os dados sobre a infraestrutura cicloviária de Fortaleza com os da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), Maria Amélia Bezerra Bezerra Castro concluiu na sua dissertação de mestrado que esta política pública também é um importante impulsionador de novos negócios. Enquanto de 2003 a 2009 surgiram em Fortaleza uma média de sete novas empresas por ano no comércio varejista de bicicletas, de 2010 a 2016, quando ocorreu a intensificação da infraestrutura cicloviária, a média saltou para 41.

A arrecadação de impostos no setor também cresceu nos últimos cinco anos. "Ao expandir a política de mobilidade por esse modal, a Prefeitura de Fortaleza aumenta o gasto na construção das ciclofaixas. E, por outro lado, tende a aumentar a arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), além de incentivar a abertura de empresas", conclui a pesquisadora no estudo.

O professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Guilherme Irffi, co-orientador do trabalho, reforça que a demanda também foi impulsionada pelos grupos de ciclistas. "Naqueles passeios noturnos, principalmente os que são organizados pelas lojas como o grupo que parte da Praça Luíza Távora e da Ana Bilhar, na Varjota. Isso impulsiona a demanda por bicicletas e serviços relacionados e, por consequência, contração de mão de obra", destaca.

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