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O que esperar do começo do governo Bolsonaro
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O que esperar do começo do governo Bolsonaro

| Era Bolsonaro | Presidente eleito receberá um país dividido politicamente e debilitado economicamente e terá de conseguir aprovar reformas importantes, como a previdenciária e tributária
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Jair Bolsonaro (PSL) tomará posse como presidente da República daqui a dois dias, na terça-feira, 1°, inaugurando uma era política que promete ser oposta à governança petista dos últimos anos. De proposta econômica mais liberal e defesa de costumes mais conservadores, o novo governo conta, até o momento, com apoio popular majoritário, mas terá de enfrentar pautas impopulares já no seu primeiro ano de mandato, como a reforma da Previdência.

 

Analistas políticos que conversaram com O POVO concordam que início do novo governo deverá ser marcado por dificuldades e enfrentamento de uma série de desafios nas áreas política, econômica e social, sendo o problema da segurança pública um dos principais. Eleito com mais de 57 milhões de votos, Bolsonaro tem legitimidade, capital político e, ao menos por enquanto, aceitação popular para governar.

 

O discurso que o futuro presidente tem sustentado em entrevistas e em publicações nas redes sociais é de uma gestão completamente diferente das que o antecederam. "Não há dúvida de que mudaremos a direção que governos anteriores colocaram o Brasil", publicou Bolsonaro no seu Twitter no último dia 19 de dezembro. Falas similares são constantemente repetidas por ele.

[SAIBAMAIS] 

Para o sociólogo Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Bolsonaro continua adotando uma postura de "candidato". "O que a gente pode esperar para o governo é primeiro que ele deixe de lado a retórica e o discurso de candidato e assuma as características de um líder político, um presidente da República", afirmou.

 

Desde que ele "se constitua presidente de fato", sentirá o peso das promessas mais difíceis de campanha ? prioritariamente o combate à corrupção e o enfrentamento à violência ? e o desafio de vencer batalhas difíceis no Congresso Nacional, com as reformas previdenciária e tributária, além da série de privatizações que sua equipe econômica tem sinalizado que pretende fazer. "Os principais elementos que ele precisa conjugar é a capacidade de liderança política e o apoio do Congresso Nacional para conseguir governar", resume Prando.

 

A socióloga e historiadora Dulce Pandolfi é pessimista quanto ao governo Bolsonaro. Para ela, o principal problema do Brasil, a desigualdade social, que seria responsável pela crise da segurança pública, não está entre as prioridades do presidente eleito, o que pode resultar no fracasso das suas políticas. "O Brasil pode até crescer, mas a desigualdade vai aumentar e o problema da segurança não será resolvido", acredita.

 

Ela admite, porém, que Bolsonaro tem a maioria da população ao seu lado, o que garantirá um governo mais ou menos tranquilo do ponto de vista da aceitação popular. Além disso, ressalta a legitimidade que ele tem por ter sido "eleito pelo voto". Prando complementa a historiadora: "Ele tem capital político e popularidade para tentar no primeiro ano aprovar matérias que são extremamente desgastantes, como a reforma da Previdência", analisa o professor.

 

O sociólogo destaca ainda mais dois trunfos do futuro presidente: a eleição em um partido pequeno, com uma coligação nanica, e o apoio que tem conseguido no Congresso Nacional. "Como ele foi eleito sem o apoio dos outros partidos, ele não depende tanto de aliados e por isso, tem mais liberdade para governar. Numa linguagem mais simples, isso significa que ele não tem o 'rabo preso' com coligações, favores a devolver", elenca.

 

[FOTO2]Em contrapartida, desde outubro Bolsonaro tem recebido apoio de bancadas numerosas no Congresso, que é o caso das bancadas ruralista e evangélica. Ao mesmo tempo, ele terá de enfrentar uma oposição forte, que atuará em pelo menos três frentes: o PT, partido derrotado na eleição presidencial que tem a maior bancada na Câmara dos Deputados; o bloco do PDT, PSB e PCdoB; e os outros partidos de oposição, como o Psol.

 

Os desafios estruturais do País, como a recessão econômica e o desemprego, também formam um cenário de dificuldades para Bolsonaro. Para Pandolfi, se ele não mantiver os investimentos na área social, rapidamente perderá o apoio da população, o que pode resultar em perda de governabilidade.

 

Outra coisa que deve ser preocupação para o futuro presidente é o desenrolar do caso de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que teve movimentações financeiras na sua conta consideradas "atípicas" pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Se for confirmado algum indício de corrupção, o discurso de Bolsonaro pode ser prejudicado.

 

Otimismo

Setor empresarial está otimista com o próximo governo. Além disso, 64% da população acredita que a administração do capitão reformado do Exército será "ótima ou boa", segundo pesquisa Ibope

 

Entraves

A Reforma da Previdência, por outro lado, não goza de apoio popular. Medida terá de ser feita por Bolsonaro, que pode sofrer resistências no Congresso Nacional.

 

Início

Medidas tomadas por Temer nos últimos 60 dias poderão ser revogadas pela equipe de Bolsonaro nos primeiros dias de governo. As políticas prioritárias dos ministério já devem ser elencadas nos primeiros 10 dias.

 

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