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O nebuloso futuro do Esporte
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O nebuloso futuro do Esporte

| Governo Bolsonaro | Após 16 anos, Ministério do Esporte vai ser extinto. Medida aumenta incertezas para um setor que já lidava com cenário frágil
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A gestão do esporte no Brasil está prestes a dar 16 anos de passos atrás. Criado em 2003, o ministério que cuida do assunto será extinto no Governo Bolsonaro, que se inicia em janeiro de 2019. Com a redução do tema a uma secretaria, a prática esportiva em alto nível e como instrumento social no País ganha pontos de interrogação.

 

O mais urgente deles é sobre o comando da pasta. O favorito para assumir o cargo de secretário do Esporte é o general Marco Aurélio Costa, que foi diretor-executivo de operações da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, e também comandou o revezamento da tocha olímpica. Doutor em Ciências Militares e ex-diretor de Educação Superior do Exército, ele não tem outras ligações com o assunto afora as experiências citadas.

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O nome militar ainda não foi oficializado devido a pressões que pretendem influenciar a escolha do secretário. É o que explica, preocupado, o jornalista Demétrio Vecchioli, autor do blog Olhar Olímpico, do UOL, e especialista no assunto. "Tem um secretário que tá no meio do caminho e que quer interferir na decisão, tem o esporte olímpico que quer interferir na decisão, tem políticos que querem interferir na decisão. Hoje, a impressão que se tem é de que não existe plano nenhum", acredita.

 

A 23 dias do início do novo Governo, não ter uma definição de quem vai ser o responsável pela gestão do esporte significa não ter sequer um direcionamento da forma como o assunto será tratado nos próximos quatro anos. Vecchioli soma isso à provável diminuição de verbas para a pasta. O orçamento do Ministério neste ano foi de pouco mais de R$ 1,5 bilhão. Já no próximo ano, segundo o projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Governo Temer para aprovação do Congresso, esse valor despencará para R$ 657.960.704.

 

"O Ministério do Esporte já tem pouco dinheiro e tem tido um processo de redução das verbas, que aparentemente vai continuar, porque as prioridades são outras. E sem saber quem é o secretário não dá para falar o que vai ser prioridade para a secretaria ou não", alerta o jornalista.

 

Desde abril, o titular do Ministério do Esporte é Leandro Cruz Fróes da Silva, ex-braço-direito de seu antecessor, o deputado federal Leonardo Picciani (MDB-RJ). Entre as principais iniciativas da pasta, estão o programa Bolsa Atleta, que concedeu 60 mil benefícios desde 2005, e projetos de inclusão social por meio do esporte, que amparam mais de 300 mil pessoas no Brasil - sendo 20,9 mil no Ceará, segundo dados do Ministério do Esporte.

 

No Governo Bolsonaro, a secretaria do Esporte estará ligada ao Ministério da Cidadania, que ainda engloba Desenvolvimento Social e Cultura. O titular da pasta será Osmar Terra, ex-ministro de Temer. (Continua na página 38)

(Colaborou André Bloc)

 

Série

 

O POVO faz até terça-feira, 11, uma série de reportagens sobre o fim do Ministério do Esporte. Amanhã, matéria trata da diluição do setor dentro da pasta federal de Cidadania

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