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Haddad e o maior teste do lulismo
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Haddad e o maior teste do lulismo

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Tipo Notícia

Preso há cinco meses, Lula apostou suas fichas num tudo ou nada. Sacou um desacreditado Fernando Haddad (PT) do lusco-fusco partidário, conferiu-lhe luz própria e ungiu-o candidato. Cumprido o ritual, mandou-o às ruas para que espalhasse a sua palavra. A disputa é política, mas o modus operandi é da esfera do religioso. Lula opera com duas lógicas: a pragmática e a simbólica. Por isso a propaganda do PT reitera - Lula é Haddad, Haddad é Lula. Esse mantra sugere uma transubstanciação que se completa com a adoção dos signos do lulismo por seu enviado. Não à toa, o ex-prefeito de São Paulo vem repetindo a via-crúcis do padrinho em visitas ao Nordeste, onde replica discursos e reedita imagens que Lula já havia encenado antes, nas campanhas de 2002 e 2006. A foto do ex-presidente com o rosto encostado ao de uma mulher idosa, por exemplo, ganhou releitura com Haddad, que também se deixou fotografar tocando a face de uma criança. Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial de Lula, talvez tenha feito mais pela transferência de votos do ex-presidente para Haddad do que a participação do candidato em debates. A duas semanas da votação, o petista surge como potencial adversário de Jair Bolsonaro (PSL) no 2º turno. Por enquanto, a alquimia manipulada por Lula parece dar certo: o "poste" ascendeu. De agora em diante, porém, quando Haddad terá de recorrer a atributos pessoais numa etapa mais acirrada da corrida, é que o lulismo enfrentará a sua grande provação.

 

Henrique Araújo

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