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Futura Assembleia. Mudanças eleitorais transformam as campanhas
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Futura Assembleia. Mudanças eleitorais transformam as campanhas

|Novo quadro| A minirreforma eleitoral trouxe dificuldades às candidaturas, como menos tempo e recursos para campanha
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Nomes que estão concorrendo a uma cadeira na Assembleia Legislativa concordam que as mudanças aprovadas nas minirreformas eleitorais, votadas em 2015 e 2017, trouxeram algumas dificuldades para a campanha eleitoral deste ano. Entre elas, a mais apontada é a diminuição do tempo. "O que a gente fazia em 90 dias, tem que fazer em 45", lamenta o deputado estadual Renato Roseno (Psol), que tenta a reeleição. O candidato também citou a perda de tempo de TV como obstáculo.

 

Ouvidos pelo O POVO, Renato Roseno, Tin Gomes (PDT) e Moisés Braz (PT), que são deputados estaduais e estão pleiteando um novo mandato na Assembleia, acreditam que para aqueles que tentam uma vaga pela primeira vez, a disputa é mais complicada. "Quem já é deputado, quem já é liderança tem uma certa vantagem, até para que possa ser compreendido a proposta", destacou o petista.

 

Concorrendo em uma eleição pela primeira vez, o presidente licenciado da Central Única das Favelas (Cufa Global), Preto Zezé (PCdoB), acredita, contudo, que nunca ter concorrido a uma vaga oferece algumas vantagens a sua candidatura. "Você tem uma demanda do eleitorado que, no meu caso, está muito favorável que é a renovação política, (já que) eu nunca fui candidato a nada", alega.

 

Eleito em 2002 e 2010, o candidato Delegado Cavalcante (PSL) considera que  ter um trabalho conhecido do eleitorado também facilita quem tenta uma vaga para deputado estadual. "Há uma facilidade da população me conhecer, (...) pelo trabalho que tenho prestado para a segurança pública, um trabalho sério contra o crime organizado".

 

Professor de teoria política na Universidade Estadual do Ceará (Uece), Emanuel Freitas concorda que as novas regras trouxeram dificuldades para a entrada de novos nomes na Assembleia Legislativa. "O tempo menor da campanha permite que sujeitos mais conhecidos, com notoriedade, saiam na frente de outros que pleiteiam pela primeira vez". Ele reforça ainda outros elementos trazidos pelo encurtamento da campanha. "Outro fator é a dimensão estadual do voto, pois o candidato precisa percorrer todo o Estado na busca pelo voto, o que cria dificuldades para candidaturas com menos recursos", explica.

 

Com grande expressividade no interior do estado, Tin Gomes relata não estar vendo nenhum volume de campanha nos municípios mais afastados da capital. Ele conta ainda que a campanha está bem diferente das de anos anteriores.  

 

"Eu nunca na minha vida viajei e fiquei no interior em campanha. Eu sempre ia e voltava. Agora, eu estou viajando quinta e volto segunda. Totalmente diferente o ritmo. E sempre (viajo) por zona, porque aí você faz mais de um município de uma vez só", descreve.

 

As estratégias para tentar chegar aos eleitores, mesmo com as mudanças, tiveram alguns pontos em comum. A política do corpo a corpo e a distribuição de papel, sejam adesivos ou panfletos, foram citadas pelos candidatos, mas a principal plataforma citada para tentar contornar as dificuldades são as redes sociais.

 

Para Emanuel de Freitas, essa maior exposição na internet é boa para a população, embora com algumas ressalvas. "(A presença na internet) Torna-os mais vulneráveis, e isso é bom, ao crivo de uma suposta opinião pública. 

 

Falo suposta porque há muito de falso, de invenção, nessas notícias. Mas, pode-se dizer que o mundo político está menos envolto em nuvens", analisa.

 

 

Sem dinheiro

O fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais tem sido um dos entraves citados com mais frequência pelos candidatos. O dinheiro está curto, reclama-se.

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