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Editorial. Em defesa das instituições
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Editorial. Em defesa das instituições

Edição Impressa
Tipo Notícia

Na edição de ontem, com o editorial "A democracia é um valor universal" este jornal posicionou-se claramente contra qualquer aventura que agrida a Constituição brasileira, rechaçando propostas autoritárias ou de opressão contra as minorias. A democracia, mesmo com todas as suas dificuldades, é um regime perfectível, portanto superior a qualquer ditadura, que busca perpetuar-se no poder à custa da violência e da supressão das liberdades. Mas como o Brasil chegou à beira desse abismo, no qual princípios que deveriam ser óbvios para qualquer pessoa dotada de um mínimo de razoabilidade precisam ser lembrados e defendidos, sob pena de vê-los pisoteados?

 

Essa situação agravou-se agora, na disputa eleitoral, na qual propostas que afrontam a democracia, a Constituição e os direitos humanos são expostos desavergonhadamente, ganhando destaque a ponto de chamar a atenção de todo o mundo. No entanto, o processo que vem minando as instituições e envenenando o ambiente político acontece há mais tempo.

 

Certamente, nesse aspecto, a corrupção que se disseminou em praticamente todas as esferas do poder, teve um papel relevante na descrença política que hoje atinge milhões de brasileiros. Contribuiu também a chamada "judicialização da política", com os parlamentares praticamente abdicando do seu dever de legislar, transferindo esse poder do Judiciário. Esse, por sua vez, muitos de seus integrantes, passaram a agir mais como políticos e menos como magistrados, provocando desconfianças sobre as decisões prolatadas. E, certamente, a situação piorou com o ataque generalizado que muitos políticos passaram a fazer ao Judiciário e na intrusão deste em assuntos fora de sua competência.

 

O fato é que a responsabilidade difusa por essa conjuntura é justamente daqueles que deveriam zelar pelo respeito às instituições. Portanto, o que se espera, é um pouco de sensatez desses agentes públicos de modo a preservar esses pilares da democracia, que precisam funcionar plenamente, dentro do que preconiza a Constituição e com a confiança da população, para que o País tenha um mínimo de estabilidade.

 

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