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"Depressão não é frescura, precisa de tratamento"
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"Depressão não é frescura, precisa de tratamento"

Epidemia silenciosa, o suicídio cometido por adolescentes precisa ser enfrentado com urgência e, sobretudo, com compreensão. Palestrante percorre escolas na busca de alertar jovens sobre o tema
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Se morte é tabu, quando a causa é o suicídio, o medo de falar sobre o tema é ainda mais devastador. Nos anos 2000, o número de casos de mortes do tipo no Brasil aumentou vertiginosamente, sobretudo entre adolescentes. De 2000 a 2015, os suicídios cresceram 45% entre pessoas com idade entre 15 e 19 anos. O número é superior à média da população em geral, que é de 40%, segundo dados do Ministério da Saúde. No ano passado, um total de 37 pessoas entre 12 e 18 anos, cometeram suicídio no Estado. A prevenção se mostra a maneira mais eficaz de combate ao que já é classificado como epidemia. Setembro é considerado o mês de prevenção ao suicídio.

 

Técnico de enfermagem, Wesley Ramos fala do assunto sem censura. A motivação do jovem de 19 anos que milita sobre o tema foi a percepção dentro do local de trabalho. Ele realizou atendimentos no Hospital de Saúde Mental de Messejana e percebeu o número cada vez mais crescente de jovens, entre 12 e 19 anos, que tentam o suicídio como solução para os mais diversos problemas. O técnico realiza palestras sobre o tema, de forma interativa, em várias escolas da Cidade e tem um perfil na rede social Instagram sobre o assunto com mais de 18 mil seguidores.

 

O POVO - O seu trabalho lida com pessoas bem próximas à sua idade. Como começou o seu interesse do tema tão complicado de ser abordado com adolescentes?

 

Wesley Ramos - Eu percebi na rotina do Hospital (de Saúde Mental de Messejana, onde ele trabalhou), principalmente por conta da demanda, que é de muitos pacientes que são estudantes, frustrados... Vi a importância de se trabalhar a temática e criei um perfil no Instagram, o @apaixonadospelapsiquiatria.

 

OP - Você acredita que seja fundamental pais e escolas conversarem sobre o tema?

 

Wesley - Demais. É uma responsabilidade que não podemos deixar somente nas mãos, por exemplo, dos hospitais. A unidade é só um pronto socorro. É preciso conversar sobre isso nas escolas e tem que trabalhar na reunião de pais, para que eles prestem atenção e possam prevenir as situações.

 

OP - As redes sociais ajudam na perpetuação dessas ideias de morte?

 

Wesley - Muitos adolescentes não postam diretamente nas redes sociais. Tem que deixar claro para os professores, mas principalmente para os pais, que esses sinais não são "frescura", entre aspas. Precisam ser levados à sério. Pode ser uma doença, a depressão e, como qualquer outra doença, não é frescura, precisa de tratamento.

 

OP - Qual a forma mais adequada de falar sobre suicídio?

 

Wesley - É usar linguagem que seja acessível aos adolescentes. Não vou usar termos específicos da área da saúde. A gente pede que os alunos repitam frases do tipo "eu tenho valor", "sou especial" e fico repetindo que acredito na vida deles, que creio vão ser alguém na vida e eles se motivam bastante com isso.

 

OP - Em tempos de acesso a todo tipo de informação pela Internet, como os pais podem aprender a lidar com isso?

 

Wesley - A proibição nunca é o melhor caminho. Tentar entender, se reconhecendo como alguém em busca de encontrar um caminho junto ao filho.

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