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Dois dedos de prosa com Maíra Motta
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Dois dedos de prosa com Maíra Motta

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"A nossa maior força é a indignação das mulheres" 

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Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres aptas a votar nas eleições deste ano correspondem a 52% do eleitorado geral. O dado põe, de um lado, a busca dos presidenciáveis pela conquista do público feminino; do outro, a movimentação de mulheres em prol da conscientização acerca do perfil do próximo ocupante da cadeira presidencial brasileira. Foi com este objetivo que surgiu a página Mulheres Unidas contra Bolsonaro, no Facebook, há cerca de duas semanas - ela alcançou aproximadamente 2,5 milhões de seguidoras em poucos dias e atualmente está suspensa após ser atingida por invasores. A página foi também ponto de partida para a campanha #elenao, que faz referência à recusa de ter Jair Bolsonaro como presidente. A professora de filosofia Maíra Motta, 40, é uma das administradoras da página atingidas pela ação de hackers. A docente falou sobre o ocorrido e a mobilização.

 

O POVO - De que maneira surgiu a página Mulheres Unidas contra Bolsonaro?

 

Maíra Motta - Ela foi criada pela Ludmila Teixeira. A página unifica o receio, o medo das mulheres de ter um candidato que é contra todas as nossas pautas.

 

OP - Como você explica a capilaridade rápidas que vocês tiveram entre as mulheres?

 

Maíra - A explicação é a mais simples possível: a sensação de não se sentir só e ter naquele grupo um espaço amplo e livre para discutirmos e debatermos propostas dos próximos governantes. O grupo deu voz a todas elas. O aumento da procura é uma constante. Acreditamos que nossa maior força motora é a indignação das mulheres, a vontade de lutar por seus direitos garantidos constitucionalmente e de alcançar uma equidade de direitos e oportunidades na sociedade brasileira.

 

OP - Como teve início seu envolvimento com a página?

 

Maíra - Fui adicionada na página por uma amiga e lá conheci as outras meninas. Foi antes do boom, antes da página virar notícia.

 

OP - Como foi o ataque?

 

Maíra - O hacker começou a fazer publicações de dados pessoais meus, xingava pessoas que falavam comigo, contatos do meu WhatsApp. A operadora responsável pela minha linha até o momento não me passou uma posição. Por se tratar de um crime virtual está mais complicado.

 

OP - Qual foi a repercussão no seu dia a dia?

 

Maíra - O hacker bagunçou tudo Levou todos os meus backups. O ataque impactou muito na minha comunicação. Ele agrediu um grupo de professores, me expôs em grupos de WhatsApp.

 

OP - Já foi iniciada a investigação?

 

Maíra - Estamos na fase das diligências, de unir provas. Fiz o boletim de ocorrência e minha advogada já assumiu o caso.

 

OP - E, depois dessa situação, o que você espera?

 

Maíra - Espero que o que aconteceu não tenha sido em vão. Que se investigue e se chegue as responsáveis, porque é uma tentativa de nos calar e não vão nos calar.

 

OP -  Como vem se dando a gestão da atual página?

 

Maíra - Depois dos ataques, reforçamos as seguranças das administradoras e precisamos excluir moderadoras temporariamente. Temos um grupo pluripartidário e buscamos discutir política de uma forma democrática.

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