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Confronto das ideias\ Eleições
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Confronto das ideias\ Eleições

O Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou Fernando Haddad como candidato à Presidência. Faltando duas semanas para a realização do pleito, o PT terá condições de transferir os votos do ex-presidente Lula para o atual candidato?
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Sim

 

A estratégia do PT apesar das críticas de analistas, jornalistas e agentes políticos já surte efeitos. Considerando os dados das pesquisas as condições para a transferência de votos de Lula para Haddad são efetivas.

 

Pesquisa do Datafolha de 10 de setembro, realizada num período em que Haddad ainda não havia sido definido como candidato oficial do PT, evidenciou seu crescimento nas intenções de voto (tanto na estimulada, quanto na espontânea). A pesquisa Ibope de 18 de setembro trouxe um cenário ainda mais consolidado de transferência: Haddad subiu 11 pontos, isolando-se no segundo lugar, e cresceu 4 pontos na simulação de 2º turno. O crescimento de Haddad se deu, sobretudo, entre segmentos do eleitorado lulista, com destaque para os eleitores de renda até 1 salário mínimo e residentes no Nordeste.

 

Segundo dados do Datafolha, um aspecto significativo é a convicção dos que dizem votar em Haddad (67% está totalmente decidido a votar). Tal convicção é um aspecto observado entre o eleitorado de Lula. Outros elementos, ainda do Datafolha, compõem a perspectiva de transferência: a) houve um aumento do reconhecimento de Haddad como candidato apoiado por Lula (39%, ante 17% da pesquisa anterior); e b) o patamar de influência de Lula no eleitorado chega a 49% (33% afirma que seu apoio levaria a votar com certeza e 16% poderia votar).

 

A campanha de Haddad conta com trunfos, além do explícito apoio de Lula (explorado fortemente no horário eleitoral), destaco a ampliação do conhecimento do candidato em virtude da participação nos debates e da cobertura midiática na condição de presidenciável. n

 

Monalisa Soares Lopes 

monalisaslopes@gmail.com

 Professora da UFC e pesquisadora do
Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC

 

Não

 

Uma vez aparentemente superada a questão da inelegibilidade do Lula para as eleições de 2018, importante relembrar o que está previsto de forma expressa na Lei da Ficha Limpa (LC 64/90, com alterações posteriores), naquilo que o atingiu juridicamente (art. 1º., I, "e"): "os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, ...", ou seja, caso seja mantida a condenação no processo criminal relativo ao triplex, de 12 anos e 1 mês, somando-se esse prazo aos 8 anos de inelegibilidade, o Lula ficaria fora de qualquer disputa eleitoral por mais de 20 anos.

 

Daí a importância de se falar no potencial de transferência de votos que o Lula tem ou teria, para qualquer que seja seu escolhido, neste momento o Haddad.

Pois bem, mostram as mais recentes pesquisas que o poder de transferência de votos do Lula está em torno de 50%, isto é, daqueles que iriam votar nele, metade aceita transferir seu voto para Haddad. A pergunta importante aqui é se essa transferência se dá somente pelo apoio do Lula, ou porque o mesmo perfil de eleitores acredita que o Haddad poderá praticar e realizar as mesmas coisas, como se fosse o próprio Lula.

 

É da lei eleitoral a obrigação dos candidatos majoritários apresentarem seu programa de governo. Entretanto, não existe qualquer punição na mesma lei para os casos de descumprimento do próprio programa.

 

Eu que sou paulistano bem lembro do Haddad e ouso afirmar que no seu caso, a transferência de votos ocorrerá muito mais pelo padrinho político, ainda muito poderoso politicamente, do que pelos seus próprios méritos.

Vamos ver!

 

Alberto Rollo 

rolloadvocacia@uol.com.br 

Advogado, especialista em Direito Eleitoral e professor de Direito Eleitoral da Universidade Presbiteriana Mackenzie

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