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Como a tecnologia transformou o deslocamento urbano
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Como a tecnologia transformou o deslocamento urbano

| Compartilhamento | Novo comportamento do consumidor valoriza mais a experiência que a propriedade e busca meios eficazes e cômodos de se deslocar sob rodas
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Diferentemente do vislumbre futurista do filme "De volta para o futuro", o ano de 2018 chegou sem patinetes flutuantes ou carros voadores congestionando os céus. As soluções de mobilidade de hoje vão além da imaginação de Steven Spielberg. O diretor hollywoodiano conseguiu prever a conquista do espaço aéreo nas cidades, que aos poucos se desenrola, mas não antecipou que a propriedade perderia importância para a noção de compartilhamento.

Startups de sucesso têm se fortalecido no conceito de dividir, reduzir os carros nas ruas e a poluição e buscar opções inteligentes, cada vez mais econômicas para o público. Por mais antiga que seja a invenção, a roda ainda é o arcabouço da mobilidade nas grandes cidades. São os motores, os condutores e os tamanhos e modelos dos veículos que vêm sofrendo alterações.

[SAIBAMAIS] 

"Ainda tem uma parte da população hoje que adora o veículo, mas está diminuindo isso. A juventude está mais preocupada com a mobilidade que com a propriedade. O carro não é mais o objeto de desejo das pessoas. Os novos meios, como aplicativos, vieram para ficar. Não haverá retrocesso", afirma Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

 

Para o executivo, a indústria precisa repensar modelos de negócio e estar mais preparada para as novas gerações. "É uma discussão que está mudando no Brasil e no mundo. Temos que entender os novos tempos. Alguém terá de oferecer a mobilidade e ninguém melhor que indústria automobilística para fazer isso", completa.

 

Nos Estados Unidos, em vez de comprar, o consumidor tem a opção do "lease", uma espécie de aluguel do carro. Esse tipo de contrato ocorre principalmente com carros elétricos, híbridos e também nos veículos de luxo para teste do cliente. A vantagem é que, além de testar e avaliar se consegue se adaptar às limitações dos elétricos, os usuários estão sempre com veículos novos e não se preocupam com manutenção. Em Fortaleza, há quem tenha desistido da compra do carro para usar o sistema de veículos elétricos compartilhados da prefeitura.

 

Para a geração de 25 a 35 anos, ter um carro já não é mais tão cômodo quanto costumava ser. O custo do seguro, a dificuldade em estacionar e a preocupação com revisões são pontos negativos na balança de prós e contras. A Uber não só compreendeu como passou a endossar essa mensagem. Em comercial de rádio de São Paulo, a empresa sugere que comprar carro seja algo do passado.

 

A companhia lançou ainda uma ferramenta que calcula o "peso do seu carro" (www.pesodoseucarro.com.br) para avaliar se vale a pena financeiramente investir em veículo próprio. "O negócio da Uber será muito mais do que apenas carros. Queremos que o app se torne uma plataforma onde o usuário possa escolher o melhor modal para seu deslocamento, incluindo transporte público", afirma o gerente geral da Uber para Norte e Nordeste, Michele Biggi.

 

Ele conta ainda que a empresa adquiriu, nos Estados Unidos, a startup de compartilhamento de bicicletas elétricas JUMP Bikes e também fechou um acordo com a fabricante de patinetes elétricos Lime. Não há previsão da chegada desses serviços ao Brasil, mas o aluguel de helicópteros já está disponível por aqui. "Ambos os meios de mobilidade fazem parte do plano da Uber de expandir seus serviços para ajudar as pessoas a ir do ponto A até o ponto B da forma mais acessível, mais confiável e mais conveniente", aponta.

 

Quem mora em bairros distantes também recorre a aplicativos para economizar tempo e/ou dinheiro. A 99, empresa brasileira que já vale mais de US$ 1 bilhão, afirma que seus serviços são utilizados para percorrer uma parte do caminho em complemento ao transporte público. Quase 70% das corridas de 99Pop em Fortaleza começam ou terminam fora dos bairros mais ricos da cidade. "Optar pelas corridas da 99 ao invés de carro próprio é mais vantajoso a todos os moradores de Fortaleza que percorrem menos de 42 quilômetros por dia. Ao fazer essa troca, o passageiro pode economizar até R$ 850 por mês", argumenta a 99.

 

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