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Tendência é que esquerda herde votos
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Tendência é que esquerda herde votos

| Herdeiros | Especialistas consultados pelo O POVO avaliam que Haddad e Ciro podem ser beneficiados
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As chances dos candidatos mais alinhados à direita conquistarem maior espaço no Nordeste são reduzidas. A avaliação é feita por especialistas consultados pelo O POVO. A projeção dos pesquisadores é baseada no contexto das últimas eleições presidenciais.

 

Nas últimas disputas protagonizadas entre PT e PSDB, a esquerda foi a grande vencedora. José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves, todos tucanos, tiveram votações inexpressivas em todas as disputas presidenciais.

 

O pesquisador em comunicação política da Universidade Federal da Bahia, Wilson Gomes, avalia que o candidato do Lula é que deve herdar grande quantidade de votos que seria direcionado ao ex-presidente. Caso a candidatura seja barrada pela Justiça eleitoral, o professor crê que a região é a que deverá dar a maior transferência dos votos de Lula ao seu candidato.

 

Na sequência, Gomes acredita que Ciro Gomes e Marina Silva devem ser os nomes mais beneficiados. O argumento do pesquisador é que o histórico da ligação dos candidatos com os governos petistas aproxima o eleitor. "Ciro é esquerda e Alckmin é direita", exemplifica. Ciro e Marina, que foi filiada ao PT a maior parte da carreira política, foram ministros do ex-presidentes. Nos últimos debates, a dupla chegou a trocar figurinhas relembrando os momentos em que foram colegas de ministérios do governo do PT.

 

O professor Wilson afirma ainda que os tucanos têm dificuldade de se comunicar com o Nordeste, que a sigla "tem o discurso paulista" e que os filiados do PSDB conhecem "pouco" a realidade dos estados nordestinos. "No máximo conseguem chegar em Minas Gerais", projeta.

 

Em relação à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), Wilson não acredita que a postulação tenha apelo de território, mas sim de perfis, o que garante pouca possibilidade de crescimento, visto que o nome do deputado federal é muito conhecido no País. "Não tem a ver com território, é sentimento. É quem está com raiva da política, são os abandonados pelas políticas do PT, pessoas que são conservadoras morais, do setor evangélico, que faz votos de protesto", acrescenta.

 

Ainda de acordo com o professor, as regiões do Norte e Centro-Oeste indicam maior apoio a Bolsonaro pelo perfil e não porque o candidato leve mensagem de "políticas públicas" ou que indique resolução para problemas da economia ou saúde, por exemplo.

 

A socióloga Monalisa Soares, estudiosa do lulismo na Universidade Estadual do Ceará, crê que na medida em que Fernando Haddad (PT) for ficando mais conhecido na região, é notícia ruim para os adversários do PT. Para a pesquisadora, a imagem do ex-prefeito de São Paulo será ligada à do ex-presidente de uma forma natural. "Ele tem uma relação de confiança com o Lula", sentencia.

 

Candidato a vice-presidente, Haddad viaja a região Nordeste para se fazer conhecido e não sair na estaca zero caso o nome de Lula seja impedido de concorrer e haja a substituição ainda em setembro.

 

Soares projeta que o voto nordestino está ligado diretamente à "memória" dos governos Lula e da melhora na qualidade de vida dos menos abastados. O ponto destacado pela pesquisadora busca explicar a pouca flexibilidade do votos desse eleitor em outro projeto que não seja abençoado pelo lulismo.

 

"É um segmento que tem se vinculado ao lulismo e entende que a vida piorou nos últimos anos, e piorou sem o Lula. Ele é um voto, nesse sentido, racional, a uma escolha de projeto que pode representar uma volta a esse cenário", explica a professora.

 

Entre o voto baseado em "valores" e a melhora na qualidade de vida, Monalisa acredita que o eleitor deve escolher a última opção. É nesse ponto que Jair Bolsonaro enfrentaria dificuldade em ganhar terreno na região Nordeste.

 

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