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"Não pensamos mais em musica sem visualidade", aponta especialista
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"Não pensamos mais em musica sem visualidade", aponta especialista

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Autora de A era MTV: Análise da estética de videoclipe (1984-2009), a doutora em Comunicação Michele Kapp Trevisan avalia que a principal mudança para o avanço recente do formato tem relação direta com "democratização da produção" para gravações audiovisuais. "Isso dá oportunidade para que muitos talentos que não chegariam a ser conhecidos fora de suas cidades caiam no gosto da audiência e tenham milhares de visualizações", afirma, ponderando o contraponto que é a proliferação de produtos de "baixa qualidade". "Mas é a audiência que vai filtrar", completa.

A especialista aponta ainda a capilaridade do formato clipe junto ao mercado. "O fato é que hoje não pensamos mais em musica sem essa visualidade que o videoclipe e a MTV consolidaram. Os videoclipes são a melhor ferramenta de marketing, propaganda, divulgação de artistas", consolida.

O duo Theremin, formado pelos diretores Juily Manghirmalani e Luiz Guilherme Moura, está atento a esse movimento. "O modelo de clipe que a gente tem hoje é muito vinculado ao autoconsumo e à autoprodução. Hoje um artista com público grande produz clipes com intervalos muito curtos, de três, quatro meses", explica Juily, que acaba de lançar o clipe de Céu Azul, uma parceria entre os cantores Jaloo e MC Tha.

Luiz Guilherme faz coro e evidencia a sinestesia provocada pela união das canções com as imagens. "Vejo muito uma relação de complementaridade entre música e clipe. Passamos a sentir as músicas diferentes depois de ter visto o clipe, porque o audiovisual pode reforçar a mensagem ou trazer outra diferente e isso acaba afetando a forma como se vê a obra".

Renato Abê

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