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Editorial. O Vaticano e a pena de morte
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Editorial. O Vaticano e a pena de morte

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O papa Francisco, que vem questionando algumas tradições da Igreja, adotou uma medida histórica ao modificar o catecismo - conjunto de princípios, dogmas e preceitos do catolicismo - para declarar "inadmissível" a pena de morte, em qualquer hipótese, incluindo o compromisso de o Vaticano lutar contra esse tipo de punição em todo o mundo.

 

No texto em que divulgou a decisão, o pontífice escreve que "durante muito tempo o recurso à pena de morte, por parte da autoridade legítima, depois de um devido processo, foi considerado uma resposta apropriada à gravidade de alguns crimes e um meio admissível, embora extremo, para a tutela do bem comum". Mas, continua o documento, "a Igreja mostra, à luz do Evangelho, que a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa, e se compromete com determinação para sua abolição no mundo todo".

 

A maioria dos países civilizados do mundo proíbe a pena de morte, ficando com as nações com governantes de mentalidade atrasada, normalmente ditaduras ou regimes repressivos, o uso desse recurso. Dos integrantes do G8 - grupo de países mais ricos do mundo - apenas os Estados Unidos mantêm a pena de morte.

 

Levantamento da Anistia Internacional (2016) mostrou que os cinco países que mais executaram prisioneiros foram a China (o número de mortos é segredo de Estado, mas a AI calcula em "milhares" os executados em todo o país); Irã (567), Arábia Saudita (154), Iraque (88) e Paquistão (87).

 

O Vaticano junta-se, assim à Anistia Internacional (AI), organização que luta há mais de 40 anos para abolir a pena de morte em todo o mundo. A posição vem ganhando cada vez mais adeptos, pois vem se observando que o risco de se assassinar um inocente supera os supostos benefícios ao se aplicar a pena capital.

 

Certamente, a medida do Santo Padre vai provocar polêmicas, como outras que ele tomou no sentido de humanizar a Igreja, trazendo-a para mais perto dos problemas contemporâneos. Mas parece que Francisco está disposto a continuar nesse caminho, no qual prevalece um apelo aos fundamentos do cristianismo.

 

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