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Tocar a vida em frente
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Tocar a vida em frente

| LUZ | A música ilumina as periferias de uma cidade ou de um ser humano, possibilitando mudanças que reverberam no mundo
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Na sala de ensaios da Banda de Música Juvenil Dona Luiza Távora, popularmente conhecida como Banda do Piamarta, os instrumentos se tornam voz e canção de cerca de 85 meninos (a partir dos 9 anos) e jovens vindos de muitas periferias: as da Capital, as das oportunidades, as dos afetos. Atravessando situações de vulnerabilidade social, como a desestruturação familiar ou um caminho de violências, eles aprendem a tocar a vida em frente enquanto extraem talentos e chances de si mesmos.

A educação musical talvez seja a parte mais visível do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta, o Piamarta Aguanambi. A formação principal – com 55 músicos – já foi ouvida por presidentes e papas, desde a fundação, em 1972, pelo missionário italiano Padre Luiz Rebuffini, e excursionou 11 vezes à Europa (entre 1977 e 2007). Mas a instituição, para mais de mil pessoas encaminhadas por conselhos tutelares e que “lutam desde pequenos”, mostra a diretora-presidente do Piamarta Aguanambi, Lieta Valorri, promove transformações silenciosas que se fazem dentro de cada um e reverberam no mundo.
[SAIBAMAIS]
Uns transformam os outros ali, une Lieta, que assumiu a direção do Piamarta após a morte do padre Elvis Marcelino, assassinado ao reagir a um assalto, na Praia de Iracema, em 2013. Nas salas de aulas, as histórias se misturam e ficam maiores. Alguns vêm de famílias desfeitas por dependências químicas, outros são pura solidão; e muitos se salvam, abarcam os educadores ouvidos pelo O POVO.

A Banda do Piamarta, por exemplo, que soma moradores do Jangurussu, do Lagamar e de outras regiões periféricas, metropolitanas ou do Interior, faz, da música, uma ponte sobre abismos, para a outra margem. Os ensaios diários ocupam pensamentos e ensinam responsabilidades, rege o maestro Rômulo Santiago Félix, 32 anos: “São momentos de instrução sobre a realidade da vida, fazer com que eles formem opinião e amadureçam o mais cedo possível... Eles entendem saber o que é certo e o que é errado”.

O caminho, depois da ponte, é deles, aponta o maestro da Banda do Piamarta: “Temos vários casos de alunos que estão fora do País estudando música, trabalhando com música... Eles têm a capacidade de fazer e de ir além”. É, principalmente, presente e futuro conjugados que o maestro vê quando está frente a frente com os alunos, regendo concertos e vidas dos meninos ou jovens da Banda. “Eu vejo grandes músicos. E grandes cidadãos”, retrata.

A Banda do Piamarta também leva a Cidade a ver as periferias de maneira diferente, demonstram os aplausos nas apresentações. “Acredito que todos nós temos capacidades, as mais diversas”, espelha Rômulo. “Muitos jovens que passam aqui têm uma condição muito precária, financeira ou familiar. Dar condições para que eles possam ter acesso à música ou a qualquer curso profissional e mostrar que eles têm capacidade de ir além é uma maneira de conseguir iluminar a periferia e mostrar que aquele lado da cidade pode ser transformado”, harmoniza.

Ana Mary C. Cavalcante

 

SERVIÇO

Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta
Avenida Aguanambi, 2479, Fátima. Informações e doações:

www.piamartaguanambi.org.br

SOBRE O PIAMARTA

 

- O Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta iniciou as atividades educativas em 1972, fundado pelo padre Luiz Rebuffini. Crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social são o público da instituição. Além da educação formal, oferece cursos profissionalizantes e na área artística.

 

- Além da sede em Fortaleza, a instituição mantém unidades no Interior: Escola Agrícola Padre Lino Gottardi (em Limoeiro do Norte, atende 106 jovens de 16 a 25 anos), Casa da Criança Governador Virgílio Távora (em Itaitinga, atende 144 meninos de 6 a 12 anos) e Lar Nazaré (em Itaitinga, atende 81 meninas, de 6 a 15 anos).

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