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Fortaleza foi a capital com a maior redução da extrema pobreza no Brasil
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Fortaleza foi a capital com a maior redução da extrema pobreza no Brasil

| EM 2017 | 60.579 pessoas passaram a ter rendimento familiar acima de R$ 85
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Fortaleza reduziu em 52,3% o número dos que viviam em condição de extrema pobreza na cidade, sendo a capital brasileira com melhor resultado do País. Em 2017, foram 60.579 pessoas saindo dessa categoria, enquanto 115.617 pessoas ainda viviam com rendimento domiciliar por pessoa menor ou igual a R$ 85, em 2016. No ranking das capitais, Vitória (36%), Cuiabá (27,3%), Goiânia (26,3%) e Belo Horizonte (22,2%) seguiram com os melhores índices.

 

Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (Pnad). O resultado acompanha a melhora do índice no Ceará, conforme O POVO publicou no dia 22. O Estado foi o único do Nordeste a reduzir a extrema pobreza em 2017. Diminuiu em 3,57%, enquanto no Brasil e no Nordeste os índices cresceram 13,9% e 17,5%, respectivamente.

 

O prefeito Roberto Cláudio (PDT) considerou uma conquista significativa para Fortaleza diante do quadro nacional, onde somente oito das 27 capitais conseguiram redução no número de pessoas que saíram da extrema pobreza.

 

O bom desempenho da economia se reflete na queda do desemprego e na melhora dos rendimentos, explica Vitor Hugo Miro, coordenador do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) da Universidade Federal do Ceará (UFC). A evolução da renda pode se traduzir em melhor poder de compra e oportunidades para a população mais pobre. “Possibilidade de melhorar a alimentação, de enfrentar menos dificuldades para pagar contas e melhoras no bem-estar”, avalia.

 

No entanto, é importante ressaltar que a capital cearense ainda possui mais de 55 mil pessoas vivendo em condição de extrema pobreza. Este é o grupo em pior condição não apenas de renda, mas de acesso à educação, saúde e saneamento. “Em um cenário em que o orçamento público continua limitando as ações, políticas públicas devem ser cada vez mais eficientes para atender essa parcela da população”, acrescenta Vitor Hugo.

 

Uma análise mais aprofundada para responder sobre os determinantes do avanço nestes índices deve ser realizada pelo LEP, aponta o coordenador. “Devemos entender melhor a mecânica deste fenômeno, de forma a permitir que a economia cearense continue avançando”.

 

A pobreza vem a reboque do crescimento econômico, também pontua Alessandra Araújo, professora dos cursos de Finanças e Economia da UFC em Sobral e coordenadora do LEP na cidade. E para que a mudança da situação de pobreza seja sustentável é preciso investir na educação da primeira infância e na educação básica. “Quando você destina investimentos para essa área, faz com essa geração no futuro tenha renda melhor e não dependa de programa de renda mínima por parte de governo nenhum”, adverte a professora.

 

Alessandra observa que o resultado positivo de Fortaleza pode ser um reflexo das contas equilibradas do Estado, que permite uma gestão mais adequada do orçamento. E cita o caso do Rio de Janeiro, que atravessa problemas econômicos e de segurança. De acordo com os dados do IBGE, a cidade carioca aumentou em 8,7% a pobreza extrema em 2017, com acréscimo de 14.031 na categoria, totalizando 163.749 indivíduos nesta situação. “Quando entra na bancarrota, afunda a parte da população que está com renda menor. É todo um ambiente econômico envolvido”, conclui.

 

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