Com objetivo de entender o que pensa o eleitor cearense, O POVO saiu às ruas na quinta, 10, e sexta-feira, 11, para ouvir quem deve comparecer à urna em outubro na perspectiva de eleger o próximo presidente da República, governador, dois senadores da República, deputado estadual e federal.
Como num tetris, jogo eletrônico muito popular no mundo inteiro — em que uma espécie de quebra-cabeça é montado —, o cearense construiu, a partir de uma realidade ideal, o candidato perfeito para representá-lo nos próximos anos.
A reportagem procurou conversar com eleitores de todas as idades e classes sociais. As 14 entrevistas colhidas na Praça do Ferreira e no comércio popular Centro Fashion seguem a mesma direção discursiva.
Para a esmagadora maioria dos eleitores, o candidato ideal precisa cumprir o que prometeu, não estar envolvido em corrupção e passar confiança ao eleitor nas propostas apresentadas.
O padrão de cobrança por saúde, educação e segurança segue, como nas eleições anteriores, entre os temas de maior preocupação, seja do eleitor de maior poder aquisitivo e nível de escolaridade, ou de quem está no andar social de baixo em uma cidade tão desigual como Fortaleza.
O que muda, a partir do que se tornou a operação Lava Jato, é a preocupação do eleitor em não querer votar em quem é investigado em irregularidade com o dinheiro público.
“A educação é praticamente a base. Todo estudante deve ter uma ótima educação. Quero propostas, projetos. O candidato tem que ser honesto e cumprir o que promete. É o que todo brasileiro quer”, cobra a estudante Maria de Fátima, 18, que vai votar pela primeira vez.
Mesmo sem a obrigação legal de votar, o fotógrafo Rui Norões, de 76 anos, diz que irá às urnas escolher o melhor nome para representá-lo no Executivo e legislativo. “O candidato tem que ser honesto e não roubar o nosso dinheiro”, diz.
O comerciante Augusto Sérgio, 52, quer que o próximo governador do Ceará trabalhe para melhorar a segurança pública e diz que não vai deixar de votar mesmo com a desilusão na classe política. “Se a gente não votar, vai ser eleito quem a gente não quer”, conclui.
Boa parte dos entrevistados promete anular o voto. O principal motivo é a falta de compromisso em cumprir as promessas de campanha. Envolvimento em irregularidade é outro fator que desmotiva o eleitor ir às urnas.
O sentimento é traduzido nas palavras da manicure Marta Medeiros, 45. Mesmo entendendo que a saída para a transformação de uma sociedade melhor é através do voto, não se sente confortável em eleger o próximo representante.
“Eu mesmo não confio mais em ninguém para votar, para dizer que esse vai ser meu presidente, meu governador, meu deputado, meu vereador, eu não confio mais em ninguém”.
O QUE DIZ O CEARENSE QUE VAI ÀS URNAS
PROPOSTAS
Confira, na sequência, o que quer o eleitor cearense exige do candidato e o que espera da eleição, com novas regras, que se aproxima.
“Faltam muitas propostas para a educação porque eu acho que a base de tudo é a educação”
LORRANE VASCONCELOS, 17
Estudante
“No nosso Estado a gente sofre muito com a falta de segurança. O ideal é que não tenha corrupção”
ALEX COELHO, 18
Estudante
“O candidato tem que ser honesto e não roubar o nosso dinheiro. Está faltando muita coisa. O comércio está parado”
RUI NORÕES, 76
Fotógrafo
“Promessas não cumpridas e corrupção são os grandes causadores do desânimo”
ELSA CUNHA, 58
Professora
“Pretendo votar em candidatos de esquerda que tenham propostas sociais. Nada de candidato de direita”
ALEXANDRE GUIMARÃES, 42
Arquiteto
“Não estou confiando em ninguém porque prometem muito e não cumprem nada”
MARTA MEDEIROS, 45
Manicure