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Estrutura e presença local é que transforma prefeitos em 'cabos eleitorais' disputados
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Estrutura e presença local é que transforma prefeitos em 'cabos eleitorais' disputados

| APOIO | Especialistas consideram que o apoio dos gestores garante votos mas não decide eleição
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Quando se tem um prefeito como aliado, são muitas as vantagens em uma campanha eleitoral para o Governo. A primeira delas é que os candidatos já começam a disputa com uma quantidade de votos previamente definida pela capacidade de transferências de voto dos gestores municipais. Mas isso não significa eleição ganha.

 

O cientista político Clésio Arruda observa que os prefeitos, quando aliados, se valem da sua própria rede de lideranças para se aproximar do eleitorado e transferir os votos para o candidato. “Quem consegue montar essa estrutura, passando por prefeitos e vereadores vinculados, finda tendo uma quantidade de votos mais ou menos definida”, diz.

 

Isso, na avaliação do especialista, dá a chance de o candidato conseguir uma boa quantidade de votos para iniciar a campanha, mas não significa que ela define, por si, uma eleição. “Nisso, ele atinge os eleitores que tem certa vinculação desde a base, mas a maior parte deles estão ‘soltos’”, considera.

 

Também cientista político, o professor Josênio Parente observa que os gestores locais, por possuirem redes de lideranças próprias, conseguem oferecer maior visibilidade para os candidatos em locais onde ele não pode estar muito presente. Essa é a vantagem de ter um prefeito como aliado. Parente, contudo, concorda que não é suficiente para definir uma eleição, embora dê uma guinada.

 

Clésio Arruda lembra que historicamente o Ceará tem apresentado tendência de eleger candidatos ao Governo que tenha tido o massivo apoio dos prefeitos. As exceções foram as eleições de Tasso Jereissati (1986) e Cid Gomes (2006). No caso do primeiro, ele observa que a situação é um pouco diferente da atual, uma vez que o contexto era de desgaste das forças políticas no pós-ditadura.

 

Além do capital eleitoral, o apoio dos prefeitos garante uma estrutura que a capilaridade do gestor pode facilitar, na avaliação do especialista. “Candidatos ao Governo precisam de palanque e de pessoas nas cidades para dar um ar de que ele tem apoio popular”, considera.

 

Arruda, embora reconheça o impacto que o apoio dos gestores possam oferecer, também não deixa de observar que a próxima eleição dá sinais para mudanças nos modelos estabelecidos em outros momentos. “Nesse momento de crise que a sociedade brasileira vive, o clima será de bastante apatia”, entende. Isso poderá influenciar na capacidade de transferências de voto, arrisca o especialista.

Rômulo Costa

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