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DEUS ESTÁ NOS DETALHES. A frase do arquiteto alemão Mies van der Rohe parece sob medida para traduzir o casamento do príncipe Harry e da atriz Meghan Markle, que atraiu a atenção de milhões de pessoas mundo afora. Um olhar desavisado para a cerimônia, ocorrida ontem, na capela de São Jorge, em Windsor, nada veria além da pompa comum a este tipo de evento. Os atentos às sutilezas, no entanto, constataram que a um tempo em que mantém seu apreço atávico pela tradição, a Coroa britânica abraça a modernidade.

Meghan, uma norte-americana afrodescendente, feminista e divorciada, percorreu sozinha a metade do trajeto até o altar. Ao ser recebida pelo príncipe Charles, seu futuro sogro, optou por seguir do lado esquerdo, quando a tradição manda que a noiva fique à direita. Harry não esperou a noiva de costas, como o fizeram seu pai e seu irmão, William, virou-se para a entrada da capela, acompanhando a chegada da futura esposa. E decidiu usar aliança, o que não é obrigatório para os homens da família real.
 

Ao mesmo tempo, a noiva subiu ao altar usando uma tiara emprestada pela rainha Elizabeth, feita de diamante e platina em 1932. No buquê que levava, os raminhos de murta vêm de uma planta cultivada a partir da murta que a rainha usou em seu buquê, em 1947. A eles, o noivo acrescentou alguns ramos de miosótis, flor favorita de sua mãe, Diana, a princesa de Gales.
 

O vestido minimalista de Meghan, de uma simplicidade franciscana se comparado ao usado por sua sogra, leva assinatura da estilista Clare Waight Keller, que comanda a Givenchy. E a escolha se deu para reforçar o empoderamento da mulher britânica, justificou Meghan. Já sua concunhada, Kate Middleton, optou por um vestido de Alexander McQueen. O mesmo que usou no batizado de sua filha Charlotte, em 2015, e na festa de aniversário da rainha, em 2016. Isso mesmo, os tempos são outros. E para decifrá-los só ficando atento aos detalhes.

Émerson Maranhão
EDITOR DE CONTEÚDO AUDIOVISUAL