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Turismo em novo movimento
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Turismo em novo movimento

| MUDANÇAS | Setor se mexe para atender melhor à demanda de visitantes no Estado, que vai crescer com o hub aéreo
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O Ceará vive um momento ímpar na aviação. Só neste ano a frequência de voos internacionais deve aumentar dos atuais 18 para 46 operações por semana. O primeiro desta nova leva e que é considerado a joia da coroa - o hub aéreo da Air France-KLM/Gol - começa a operar na próxima quinta-feira, 3, com destino a Amsterdã.

Nas agências, a procura de cearenses por este tipo de viagem já cresceu 20% em 2018. Porém, atrair o turista estrangeiro para o Estado – o que pode reconfigurar o turismo e dar novo impulso para economia - ainda é um desafio.


Na contramão da média brasileira, a quantidade de estrangeiros que desembarcam diretamente no Aeroporto Internacional de Fortaleza está caindo. Em 2017, foram 74.4 mil turistas, 3,9% a menos do que o ano anterior, e bem abaixo do que era registrado há quatro anos (84,1 mil), conforme dados do Anuário Estatístico do Ministério do Turismo. No Brasil, o número saltou de 5,8 milhões, em 2013, para 6,5 milhões, em 2017. Alta de 13,3%.


O chefe da assessoria de gestão estratégica da Embratur, Rafael Felismino, pondera que isso não quer dizer que a atratividade do Estado seja menor no período. Pelo contrário, está em alta. Só que, em razão da nossa malha aérea, boa parte dos turistas estrangeiros que vêm ao Nordeste chega por São Paulo e Rio de Janeiro, o que subestima as estatísticas oficiais ligadas ao Ceará.


Porém, mesmo considerando o número geral, de 6,5 milhões de estrangeiros que vieram ao Brasil no ano passado, ainda é pouco ante os 22 milhões de brasileiros que viajaram ao exterior no período. Ainda mais se considerarmos o tamanho do País e o potencial turístico.


Dentre os principais desafios para inverter esta lógica é tornar os preços mais competitivos. Enquanto um inglês gasta, em média, entre 500 e 600 libras para vir ao Brasil, para a Argentina o valor fica em torno de 300 libras. Também é mais vantajoso ao norte-americano ir ao Caribe gastando de US$ 300 a US$ 400, incluindo hotel, do que pagar entre US$ 600 e US$ 800 somente com passagens no Brasil.


“O preço é extremamente determinante na captação do turista internacional. Com a atração da Joon, nova companhia da Air France, de menor custo, o Ceará começa a trabalhar para sanar esta situação”, afirma Felismino, ressaltando que a própria entrada do hub também força as demais companhias a ofertarem preços mais competitivos.


O secretário estadual do Turismo, Arialdo Pinho, diz que, paralelo a isso, o Governo está investindo em apresentar o destino Ceará no Brasil e exterior. Em 2017, foram investidos R$ 27,3 milhões em promoção, publicidade e participação em 30 feiras de turismo, sendo 17 internacionais. Para este ano, o investimento chegará a R$ 30 milhões. Com os novos voos, a expectativa é que haja um aumento de turistas entre 60 e 70 mil por ano.


“Em 2018, não vamos sentir tanto porque tem o processo de consolidação dos voos. Mas, em de dois anos, devemos ter um incremento de cerca de 150 mil turistas, que é a metade do fluxo internacional atual”, afirma, observando que o Estado se beneficia com os processos de visto facilitados aos norte-americanos.


O professor de turismo do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Solon Sales, aponta que é preciso melhorar o atendimento e qualificar a mão de obra, inclusive, em relação ao idioma, para atender ao padrão internacional.


Para o gerente de mercado de lazer da Casablanca Turismo, Paulo Neto, o que vai determinar se Fortaleza vai se firmar como destino turístico ou ser só ponto de passagem para outros estados também está na sua capacidade de se reinventar.


“Atlanta (EUA) é uma cidade que não tem tantos atrativos, mas que soube tirar proveito de ser hub. Criou equipamentos capazes de fazer com que o turista passasse mais tempo na cidade. Fortaleza tem a vantagem de já ter belezas naturais, mas não pode se acomodar nisso”, diz. 

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