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Segurança pública é o grande desafio para o turismo no Ceará
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Segurança pública é o grande desafio para o turismo no Ceará

| ENTRAVE | Trade turístico considera que a violência urbana no Ceará ainda não compromete os pontos turísticos, mas a resposta mais efetiva do Estado ao problema não pode demorar
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Dos entraves para reconfiguração do turismo no Ceará, o apontado como mais difícil de transpor é a questão da violência urbana. Até porque este é um problema que não se limita ao setor, afeta a vida em sociedade, e exige resposta públicas mais profundas de longo prazo. Porém, apesar de preocupar o trade turístico, há também o entendimento entre os especialistas de que este não é um fator determinante para impedir o turismo de decolar no Estado.

[SAIBAMAIS]
“Hoje, um dos critérios que os turistas mais observam na hora de viajar é a questão da segurança pública. E Fortaleza precisa melhorar muito neste sentido. Não só para o turista, mas para seus moradores. Mas não é a única cidade a ter de enfrentar isso, nem no Brasil e nem no mundo”, afirma o chefe da assessoria de gestão estratégica da Embratur, Rafael Felismino.


Ele pondera que as ameaças de terrorismo, por exemplo, são mais consideradas do que a violência urbana.


O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE), Eliseu Barros, reforça que até o momento a crise da insegurança não chegou com mais força aos corredores turísticos. As principais ocorrências aos visitantes ainda são de furtos e roubos.

Mas reconhece que a repercussão das chacinas e ataques ao transporte público trazem danos à imagem do Ceará lá fora.


“A informação que a gente tem dos parceiros é que as vendas caíram de 20% a 30% por conta destas notícias, mas, aos poucos, e com as medidas que estão sendo anunciadas pelo Governo, a exemplo do Centro de Inteligência, de mais policiamento nas ruas, as coisas estão acalmando. Só que o resultado tem de chegar”, considera .


A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), informa, por meio de nota, que também tem investido no reforço de policiamento ostensivo no Aeroporto Internacional Pinto Martins, através do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTUR). E que a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur), possui um posto avançado para atender aos turistas e pessoas em trânsito.


Enquanto as soluções mais macro não vem, a iniciativa privada também toma suas precauções. Samuel Sicchierolli, ceo da Venture Capital Investimentos (VCI), grupo que está montando o Hard Rock Hotel na praia da Lagoinha, explica que a rede está investindo em transportes próprios para fazer o traslado dos turistas do aeroporto para o Hard Rock Café, no shopping RioMar Fortaleza. E de lá para o hotel, como forma de tentar melhorar a sensação de segurança dos seus clientes.


“O que a gente nota hoje é que a violência é um dos poucos pontos em que o Ceará ainda perde e é preciso dar esta resposta de segurança ao turista”, afirma.

 

PIB do Turismo


O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado (Ipece) está calculando o Produto Interno Bruto (PIB) do Turismo. Além de monitorar indicadores, o estudo poderá servir de base para formulação de políticas públicas ao setor.


Os primeiros dados, que serão anunciados na próxima quarta-feira, 2, vão dar uma dimensão inicial dos efeitos do hub aéreo da Air France-KLM/Gol no Ceará, indo dos impactos na renda da população à geração de empregos.  

 

Aviação


Na medida em que os novos voos começaram a ser anunciados, cresceu a procura por empregos no setor da aviação. Na SAT Fortaleza, escola de aviação civil, o número de alunos matriculados em cursos já cresceu 60% em 2018. Destaques para formação nas áreas de comissários de voo, piloto, mecânico de aeronave, agente de aeroporto e operador de pátio. “Podemos falar que este é o ano da aviação. Muita gente está vendo no hub a chance de entrar no mercado”, afirma o diretor comercial da SAT, Rodrigo Monteiro.


As vagas de trabalho, aos poucos, também estão surgindo. O índice de alunos empregados subiu 56%. Ele observa, no entanto, que têm mais chances as pessoas que, além da formação técnica, possui fluência em outros idiomas. Como o Inácio Gonçalves de Lima, 19, que fala inglês, “arranha” o coreano e está estudando francês.
Ele foi contratado neste ano para ser operador de aeroporto, ajudando no atendimento da companhia em terra. “É a realização de um sonho. Desde os 14 anos queria trabalhar com alguma coisa na aviação”.  

 

Stopover


Das estratégias bem sucedidas para atrair e fidelizar turistas é o stopover, arranjo feito pelas companhias aéreas em parceria com empresas privadas, para oferecer uma parada no meio da viagem, sem custo adicional, na cidade de origem do hub. O secretário municipal de Turismo de Fortaleza, Régis Medeiros, afirma que o diálogo com as aéreas já começou. A negociação com a TAP é a que está mais avançada. A ideia é seguir em Fortaleza o modelo que já é implementado em Lisboa.  

 

Capacitação

No Serviço Nacional de Aprendizagem (Senac), mais de 800 cursos vêm sendo atualizados para se antecipar às demandas que vão surgir no setor. A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) também pretende inaugurar este ano 11 Centros Cearenses de Idiomas em Fortaleza, Itapipoca, Crateús, Caucaia, Iguatu e Juazeiro do Norte. O Estado também quer entregar até junho a Escola de Gastronomia e Hotelaria, que está sendo erguida onde funcionava o antigo Condomínio Panorama Artesanal, em Fortaleza. 

 

Viagens

Por conta do hub, a Gol ampliou em 35% a malha de voos de outros estados partindo de Fortaleza. E a Latam anunciou que vai aumentar, em dois anos, de 32 para 50 o número de voos diários. A maior oferta já reflete nos preços e na demanda.


Na plataforma de viagens Kayak, a busca de passagens aéreas para o Ceará por brasileiros cresceu 182% nos primeiros quatro meses deste ano, ante igual período de 2017. São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Recife estão entre os principais emissores. E os preços das passagens caíram, em média, 5%. O gerente de mercado de lazer da Casablanca Turismo, Paulo Neto, diz que a venda de pacotes internacionais cresceu 20%. No mercado receptivo o reflexo ainda não chegou. “Por enquanto, aumentou apenas a cotação de preços, mas estamos confiantes”, diz José Antônio Vitorino Neto, diretor da Nettour Viagem e Turismo.  

 

Hotéis

Dentre os empreendimentos que prometem dar novo fôlego ao turismo no Ceará, está o Hard Rock Hotel, em construção na praia da Lagoinha, a 100 km da Capital. O investimento avaliado em R$ 170 milhões deve ser concluído em 2020 e vai trazer cinco restaurantes internacionais, atrações musicais, além de espaços temáticos padrão cinco estrelas. O CEO da Venture Capital Investimentos (VCI), grupo responsável por trazer a marca ao Brasil, Samuel Sicchierolli, fala do otimismo da empresa “O aumento da quantidade de turistas internacionais vai demandar produtos de qualidade internacional”, ressalta.


O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE), Eliseu Barros, diz que o setor está preparado para receber esta demanda e, inclusive, aberto a negociar preços. Na baixa estação, as tarifas caem, em média, 50%. “Esperamos que Fortaleza se torne um destino internacional e que isso melhore o índice de ocupação hoteleira”.


A rede Accor também vai abrir mais quatro hotéis Ibis no Ceará, em Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e Juazeiro do Norte.

 

Números

 

30% É até quanto pode chegar a queda nas vendas de produtos e serviços do setor em razão da violência urbana  


“Esperamos que Fortaleza se torne um destino internacional e que isso melhore o índice de ocupação hoteleira ”


ELISEU BARROS
Presidente da ABIH-CE  

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