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Presidente do Ceará diz que 2018 é ano chave e projeta clube como potência
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Presidente do Ceará diz que 2018 é ano chave e projeta clube como potência

Presidente bicampeão estadual e que recolocou o Vovô na Série A projeta expansão do clube nos próximos anos
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Confira vídeo da carreata de comemoração do título do Ceará, neste domingo, 15:

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Robinson de Castro


Nos 11 anos que está no Ceará, o contador e advogado Robinson Passos de Castro e Silva viveu todos os antagonismos possíveis. Antes execrado, ganhou críticas severas em momentos conturbados do clube. Hoje adorado, ele saboreia a lua de mel que vive com a torcida, fruto da conquista recente do bicampeonato estadual e do acesso à Série A do Campeonato Brasileiro.


Desde sua chegada, Robinson passou pela vice-presidência e diretoria de futebol antes de chegar à presidência, cargo que ocupa desde 2015.

 

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Na última quinta-feira, 12, o dirigente, que também é presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Ceará, concedeu entrevista exclusiva ao O POVO e fez uma avaliação sobre seu trabalho no Alvinegro, projetando a expansão do Vovô, que, segundo ele, deve se tornar uma potência caso consiga a permanência na Série A.


Para isso, é preciso seguir apostando na profissionalização e investindo na estruturação do clube, que é a marca de sua gestão e seu legado. Além, claro, do apoio da torcida. Com isso, ele garante que os bons resultados virão. Ou melhor, continuarão.


O POVO: Como e porque você entrou no Ceará?

Robinson de Castro: Foi em 2006, quando o Ceará perdeu para o Fortaleza em uma goleada, e aí, como torcedor, eu vi que precisaria fazer alguma coisa. Era todo mundo esculhambando treinador, jogador, presidente...e eu vi que a situação não era boa do ponto de vista financeiro, estrutural, administrativo, e pensei: "Eu vou ajudar o Ceará". No outro dia, fui na sede, comprei um título de sócio-proprietário e fui embora. Certo dia, uma comitiva do Ceará pediu para que eu ajudasse a organizar a parte de contabilidade do clube, começando pela Timemania. A partir daí passaram a me procurar mais pra ajudar o clube e eu fui fazendo...depois o Evandro (Leitão) me chamou pra ser vice-presidente e eu fui, depois fui diretor de futebol, a partir de 2011, e agora presidente.

 

O POVO: Qual foi o ponto mais crítico?

Robinson de Castro: Foi no final de 2015, quando o Ceará estava quase rebaixado, tinha 1% de chance de escapar, e não tinha quem quisesse assumir o Ceará. Eu digo que a minha principal conquista não foi um título, mas foi ter tirado o time do rebaixamento. Eu me candidatei à presidência, meus filhos não queriam, porque diziam que eu seria o primeiro presidente a cair pra Série C, mas eu garanti que nós não iríamos cair. O clube estava em frangalhos. Diretoria, jogadores...nada dava certo. E ali foi o maior feito que eu considero, mais que o acesso agora pra Série A, foi a missão de liderar o Ceará em oito jogos pra ganhar seis. Foi extremamente complicado. Ninguém mais acreditava no time, nem os jogadores próprios. Mas quando eles perceberam que poderiam fazer, tomaram a decisão e fizeram. Foi um verdadeiro milagre. Depois que isso aconteceu eu vi que a gente pode fazer tudo.

 

O POVO: E do que se arrependeu? Quais pontos negativos?

Robinson de Castro: Rapaz...ponto negativo...e que seja relevante, né?! Eu acho que algo negativo e recorrente é você começar a tomar decisões pelas convicções dos outros, e não das suas. Isso aconteceu várias vezes, mas eu, hoje, eliminei totalmente. Não é deixar de escutar, mas eu saio um pouco dessa caixa...vou dar um exemplo. Contratar jogador pelo nome. Isso é algo que era recorrente e não fazemos mais.Hoje nós contratamos jogador é pra jogar, não é pra tirar foto. Era uma pressão que vinha do entorno mais próximo. Nos momentos mais difíceis, essas vozes crescem mais, passam a ser mais fortes, e você tem que saber conviver com isso.

 

O POVO: Esse ano o Ceará terá o maior orçamento de sua história. É a chance de elevar o clube de patamar? Qual projeção você faz pros próximos anos?

Robinson de Castro: 2018 é um ano chave. Pelo investimento que estamos fazendo hoje no clube, se a gente continuar nessa linha, investindo na estrutura e no nosso material intelectual e com uma pessoa no comando alinhada com esses princípios, se a gente conseguir amanhecer no dia 1º de janeiro de 2019 na Série A...eu tenho pra mim que a partir de 2020 o Ceará vai brigar por coisa grande... tem tudo pra ficar uma potência. Mas a gente precisa ter balha na agulha. Sócios-torcedores, estádios lotados...

 

O POVO: O que dizer de Marcelo Chamusca?

Robinson de Castro: O Chamusca é um cara que tem muitas virtudes. Tem poucos defeitos. É um cara que vai crescer muito. Primeiro que ele tem uma compreensão do futebol moderno...ele tem conhecimento do trabalho dele. Da parte tática, técnica. Ele é um cara muito estudioso e esforçado. É também um cara que tem uma didática muito boa. Ele sabe passar, comunicar o que pensa e sabe motivar. É justo pra escolher quem vai jogar. Ele consegue fazer uma boa gestão de grupo. E é um cara de fácil diálogo, de boa conversa, bem humorado, deixa o ambiente leve. No geral, é um dos mais completos que eu vi, com essas virtudes todas. Não tô dizendo que é o melhor, mas o mais completo que eu trabalhei, até agora, foi ele. Gosto muito dele, do trabalho dele e da sua comissão. Mas eu valorizo muito também o pessoal de casa, o nosso staff próprio. Temos pessoas muito capacitadas, uma grande equipe funcionando harmonicamente.

 

O POVO: Como você lidou com tantas críticas que já recebeu e hoje vê os elogios?

Robinson de Castro: Os dois momentos, pra mim, não são espelho. Nem eu posso achar que sou o super-homem ou um fracassado. Se você achar isso, você se perde. Quando deixa essa contaminação acontecer, o ambiente fica confuso, e as coisas têm que ser com planejamento, com equilíbrio. Tem que ser 100% emoção nas arquibancadas, mas 0% dentro do clube. Lá tem que ser 100% razão.

 

O POVO: Como é a relação com as torcidas organizadas?

Robinson de Castro: Eu não posso generalizar torcida organizada, porque assim como todo canto, tem gente boa e gente ruim. Nas torcidas organizadas têm pessoas boas, bacanas, e tem marginais. Eu sou contra marginais em qualquer esfera, mas as pessoas boas eu trato todos iguais. Se me pedem uma ajuda, pra fazer um evento, algo do tipo, posso ajudar, como qualquer outra pessoa. Não tem uma regra pra ajudar, mas se tiver alguma situação que vale a pena fazer alguma parceria, alguma atividade, desde que seja positiva, eu não vejo porque não fazer.

 

O POVO: No fim do ano tem eleições no Ceará. Vai se candidatar novamente?

Robinson de Castro: Eu confesso que não pensei nisso. Tem tanta coisa pela frente, o ano começou agora, não olhei pra isso. Mas se tiver alguém bom, interessado, que mereça confiança das pessoas, não seria eu a ser contra alguém. Não descarto também a possibilidade de continuar. Acho que se o Ceará ficar na Primeira Divisão, todo mundo vai querer que eu fique, mas eu vou ter que avaliar. É importante saber sair na hora certa. Teremos que avaliar se será a hora de sair. É muito difícil antecipar o que vai acontecer.

 

O POVO: Como conciliar atuações políticas com as atribuições no clube?

Robinson de Castro: Quando cheguei no Ceará falei que não pretendo me candidatar a cargos públicos enquanto estiver no clube, e eu mantenho isso. Uma coisa que sei fazer bem é montar equipes, isso eu faço bem. O Ceará funciona num horário fora do comercial, e eu, mesmo com minhas atribuições pessoais e profissionais, consigo conciliar. Eu ocupo toda minha agenda, mas eu sou um cara muito ativo. Eu gosto dessa rotina. Eu não gosto de férias, não gostava nem de final de semana...gosto muito de trabalhar, e isso me faz bem

 

O POVO: Qual legado você deixa no Ceará?

Robinson de Castro: Eu tô profissionalizando o clube, mostrando que tem que ser gerido como uma empresa. Tudo calculado, com planejamento e investimento. O que eu quero deixar lá é um Ceará independente. Uma organização forte. Um clube autossuficiente e que tenha uma gestão própria, enraizada, que seja profissionalizada. Isso que eu quero deixar lá.

 

Bastidores

A ENTREVISTA foi realizada momentos após a renovação de contrato do atacante Arthur, negócio que Robinson se orgulha de ter fechado

 

Galeria

FOTOS E MEDALHAS Robinson coleciona em sua empresa reportagens e medalhas que conquistou durante seu período no Ceará

 

Reforços

SÉRIE A o dirigente garantiu que em breve novos jogadores serão anunciados. Por enquanto, porém, fez mistério. “Vamos aguardar”.

 

Desejo para o clube

"O que eu quero deixar lá é um Ceará independente. Uma organização forte Um clube que tenha gestão própria, que seja profissional".

Críticas e elogios como dirigente

"Nem eu posso achar que sou o super-homem sempre ou um fracassado sempre. Se você achar isso, você se perde."

 

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