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A resgatadora de cães abandonados
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A resgatadora de cães abandonados

| ADOÇÃO | Cachorros abandonados pelos donos, em ruas da Varjota, bairro nobre de Fortaleza, são resgatados da vulnerabilidade e esperam nova chance de amor
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Da entrada do prédio onde mora, localizado na Varjota e a alguns quarteirões da avenida Beira Mar, a gerente de projetos sociais Fabrícia Régia Maia Tavares, 38 anos, chama a atenção para os cachorros abandonados pelos donos, nas ruas Ana Bilhar e Frei Mansueto. Cães de raça, que envelheceram ou adoeceram, são deixados fora das casas, dias e noites, até que se misturam aos vira-latas já criados pelo abandono. A solidão dos bichos comove Fabrícia, que resgata os animais das ruas e procura adoção para eles.
Fabrícia tenta tirá-los da vulnerabilidade: cão sem dono é sempre maltratado, ela testemunha, corre mais risco de atropelamento e de mazelas. Fabrícia afirma que o resgaste das ruas é um trabalho desinteressado e autônomo que realiza, há cerca de seis anos, pelos caminhos onde costuma passar. Mas a ligação sentimental com os cães vem de uma infância no Crato (478,9 quilômetros de Fortaleza), onde a família sempre criou cachorros, e se tornou ainda mais forte quando Fabrícia teve um problema de saúde e ganhou a Liz, uma dachshund, como companhia.


“Eu nunca tinha prestado atenção que eles podem salvar a vida da gente”, expõe sobre um amor que Liz significa há seis anos. “Vi a pureza do sentimento dos animais, que é diferente do ser humano... É aquele amor sem querer nada em troca, é o amor puro”, traduz a fidelidade dos cães. “Eles sentem quando você está triste, quando você está doente”, conclui.
 

Depois de Liz, Fabrícia adotou outras três cadelas que cruzaram sua rotina: Luna, uma vira-lata que estava sendo maltratada por um homem, no caminho do colégio da filha; Cristal, outra vira-lata das redondezas, e Maria, “uma mestiça de border collie que vivia grávida do Bem, um cachorro abandonado no Santander”. Bem é conhecido por ali, retrata Fabrícia, “vive tomando banho na Beira Mar”.
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As quatro cadelas não cabem todas no apartamento onde Fabrícia mora com as três filhas. Então, ela cria as maiores, Cristal e Maria, em um abrigo-hotel no Eusébio (Região Metropolitana de Fortaleza): “Toda semana, vou lá!”. A dedicação aos animais é maior do que qualquer distância e vale mais do que todos os gastos, afirma Fabrícia. “Você só consegue entender se você sentir. É um amor inexplicável”, ela se emociona.
 

Por isso, a adoção dos bichos que resgata das ruas é um processo criterioso. Fabrícia posta as fotos dos animais nas redes sociais e, se alguém se interessa, ela faz uma entrevista. “Na entrevista, você nota o interesse (daquela pessoa pelo animal)”, explica. O espaço onde o interessado mora, a condição financeira (é preciso considerar os gastos com veterinário, vacinas e doenças, ela ressalta) e até “se a pessoa tem tempo”, enumera Fabrícia, são avaliados antes da adoção ser efetivada. “Cachorro não é brincadeira”, reforça. “Adotar significa responsabilidade”, completa.
 

Muitos cachorros resgatados das ruas não encontram um novo dono, lamenta Fabrícia. Os bichos de raça são os mais adotados e os vira-latas continuam rejeitados, diz, somando um apelo: “Se você não puder fazer o bem, não faça o mal. Não atropele, não maltrate”. 

 

Um ambulatório para os bichos

Além da adoção dos cachorros abandonados, Fabrícia Tavares faz campanha pela construção de um ambulatório para os animais, no abrigo-hotel que existe no Eusébio. Ela prefere não citar o nome do abrigo, para evitar que mais animais sejam abandonados no endereço – como aconteceu em outras divulgações, explica. O ambulatório se tornaria um campo de estágio de uma universidade particular, ela articula. Fabrícia busca por doações, especialmente, de material de construção. Para ajudar, os contatos podem ser feitos em sua página no Facebook: Fabrícia Tavares (www.facebook.com/
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