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Combate às facções. À espera do Centro de Inteligência
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Combate às facções. À espera do Centro de Inteligência

Instrumento inédito no País na investigação contra o crime organizado a ser instalado no Ceará será o único do Nordeste. Outros três centros deverão ser construídos em estados estratégicos. Forças Armadas também terão assento entre os membros
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Apontada como uma das medidas mais efetivas já anunciadas para o combate ao crime organizado em âmbito nacional, a instalação no Ceará do primeiro Centro Regional de Inteligência Integrado permanente do Brasil gera expectativa e suscita dúvidas sobre sua funcionalidade. Ainda não há data prevista para entrar em atividade e pouco se sabe até agora sobre o equipamento, fruto de uma articulação política e prometido em ano eleitoral.


Diante das incertezas, especulações são feitas em torno do mecanismo de investigação, que é inédito no País e ainda está em fase embrionária. De certo, conforme o senador Eunício Oliveira (MDB), somente o fato de que o centro será único no Nordeste e que outras três unidades serão construídas, em regiões diferentes, cujos estados são considerados “estratégicos” para o combate às organizações criminosas. Os locais, contudo, ainda não estão postos.


“Funcionará como um centro de investigação complexo, com a participação das Forças Armadas, que atuarão de maneira integrada às forças do Estado. Exército, Marinha, Aeronáutica, Ministério Público, Polícia Federal, inteligências, Judiciário, todos envolvidos”, acrescenta o senador, sem dar mais detalhes, como efetivo ou sobre quem irá comandar o órgão.


“Não sei e dificilmente vocês saberão. Como órgão de inteligência, não haverá homens armados ou fardados nas ruas. Será um centro de inteligência com pessoas trabalhando dentro. Eles não cumprem mandados, não operacionalizam. Em estrutura, será muito melhor que a da intervenção no Rio de Janeiro. É o modelo máximo de inteligência integrada no País. Eles não abrem (informações). Se abrirem, no outro dia, o crime organizado estará lá dentro”, arrisca.


O presidente do Senado disse ainda que não está decidido se a unidade terá um prédio isolado ou irá aproveitar as estruturas existentes, como a sede da Polícia Federal no Ceará, no bairro Aeroporto, ou o Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR), localizado na sede da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), no São Gerardo.


O CICCR foi erguido em 2014. De lá, foram comandadas as ações que tinham como objetivo garantir a segurança do Estado durante a Copa do Mundo. Naquela ocasião, os órgãos de inteligência do Estado e do Governo Federal, incluindo as Forças Armadas, também atuaram em conjunto.


Eunício destaca, porém, que alguns questionamentos poderão ser respondidos ao longo desta semana, quando virão ao Ceará os ministros da Segurança Pública, Raul Jungmann, e da Defesa, general do Exército Joaquim Silva e Luna.


“A expectativa é que eles deem mais informações sobre isso”, conclui o senador. O Ministério da Segurança Pública, responsável pela instalação do centro, foi procurado pelo O POVO. Até o fechamento desta matéria, porém, não houve retorno.

 

REUNIÃO EM BRASÍLIA

A confirmação do Centro Regional de Inteligência para o Ceará ocorreu na quarta-feira passada (7/3). Eunício, Jungmann e Camilo (Foto) participaram da reunião em Brasília.

 

APOIO DOS ESTADOS DO NORDESTE


O anúncio da escolha do Ceará para sediar o centro foi feito por meio de vídeo, na noite da última quarta-feira, 7, em Brasília. Nas imagens divulgadas aparecem o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, o governador Camilo Santana (PT) e o presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira (MDB).


O convênio foi assinado na presença do presidente Michel Temer (MDB) e teve o apoio dos nove governadores do Nordeste, que se reuniram no dia anterior, em Teresina, no Piauí, e acordaram que o centro deveria ser instalado no Ceará pela localização estratégica do Estado, cobiçada pelo crime organizado.


No último dia 19 de fevereiro, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, chegou a afirmar que “quem conquistar o Ceará, conquista o Nordeste”, ao comentar a importância do Estado para a rota do crime organizado.

Após a reunião dos governadores, um ofício foi encaminhado ao Ministério da Segurança Pública com a reivindicação. Não se sabe, porém, quais trâmites burocráticos serão adotados a partir de agora.

 

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