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Rio de janeiro e Lula. A Lava Jato mantém o fôlego
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Rio de janeiro e Lula. A Lava Jato mantém o fôlego

A operação, que completa quatro anos em março, vem perdendo força desde o ano passado, sobretudo em Curitiba, onde tudo começou. Não há, porém, como determinar seu fim
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Política

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Em Curitiba, capital que sediou o início da Lava Jato em março de 2014, a maior investigação de corrupção e de lavagem de dinheiro do País dá sinais de cansaço. Dois elementos, porém, ainda sustentam o vigor da Operação: o caso do ex-presidente Lula (PT), que promete reviravoltas neste ano eleitoral, e os desdobramentos no Rio de Janeiro.
 

A análise de que ela estaria próxima de ser concluída é do próprio juiz federal Sergio Moro, que afirmou mais de uma vez que “a Lava Jato em Curitiba está possivelmente chegando ao fim”. No mesmo sentido, o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, informou na última semana que a meta do órgão é concluir até o fim deste ano as investigações de todos os inquéritos criminais que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).
 

Especialistas ouvidos pelo O POVO, no entanto, destacam o fator 

“imprevisível” da operação – as inúmeras possibilidades de reviravolta, fatos novos, áudios vazados e outras delações –, sua relevância e o andamento da polícia e da Justiça e afirmam que não há como prever uma data de validade. “A investigação deve durar até quando houver material para isso”, resume Ricardo Caldas, professor de ciência política da UnB.
 

Material parece não faltar no estado fluminense, cujo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) acumula 20 denúncias, cinco condenações e 87 anos de pena. O juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro, confirma: “Estamos numa ascendente. Muita coisa já é conhecida, e outras tantas coisas, situações, investigações, correm sob sigilo. Não vejo fim”.

Caso Lula


Andamento dos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fortalecem a Lava Jato pela repercussão gerada, ainda mais em ano eleitoral. Dependendo do resultado do julgamento dele no próximo dia 24, o petista, que pretende candidatar-se mais uma vez ao cargo, pode tornar-se inelegível.
 

O professor de Ciência Política da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, analisa que o cenário abre espaço para críticas à operação. “Há críticas de que a Lava Jato é uma tentativa de criminalizar a política ou uma perseguição ao PT e ao Lula”, exemplifica.
 

Ele lembra, porém, que quando a investigação veio à tona, também em ano eleitoral, as críticas não impediram a eleição da candidata petista Dilma Rousseff. “A justiça não pode ser pautada no calendário eleitoral. Se alguém comete crime durante o período eleitoral, ele deve prestar contas”, defende. 

 

(Com agências) 

 

SERÁ O FIM? Mesmo se a meta de Segovia for cumprida,
a Lava Jato não se encerra por completo. O que se encerraria seria a parte da “operação”, que diz respeito à atuação da Polícia. O Ministério Público ainda tem o papel de encaminhar as denúncias, e a justiça de julgar os envolvidos. No STF, a Lava Jato deve reverberar ainda por anos.  

 

 

CELERIDADE
O procurador da República Rafael Rayol,
cearense que atuou na força-tarefa da Lava Jato até o ano passado, diz que é difícil prever quando ela se encerrará, mas conta que o “sentimento” do MP era o de “encerrar tudo com tranquilidade, de forma bem feita, mas na maior celeridade possível”. Afinal, “uma hora tem que acabar”.  

 

 

LONGE DO FIM
No exterior, mesmo a operação policial ainda está longe do fim. De acordo com informações do jornal O Estado de São Paulo, é o que dizem autoridades da Suíça, Andorra, Espanha e em diversos países latino-americanos. Em novembro, procuradores de dez países se reuniram no Panamá e constataram que os processos ainda levarão anos para o fim. 

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