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Histórias e ideias em quadrinhos
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Histórias e ideias em quadrinhos

| TIRINHAS | Falando de amadurecimento, feminismo e outros temas, saiba quem são e o que pensam os novos quadrinistas do Vida&Arte
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Os quadrinhos durante muito tempo foram um sucesso entre os jornais impressos e lançaram nomes como Mauricio de Souza (Turma da Mônica), Quino (Malfada) e Hergé (As Aventuras de Tintim). As tirinhas discursavam sobre algum acontecimento, sentimento, mistério ou vivências particulares dos artistas. Algumas tinham humor, outros tinham drama. O importante era passar uma mensagem de forma rápida. Sabendo disso, as tirinhas se fizeram presente durante várias décadas no O POVO.


O novo Vida&Arte traz de volta as tirinhas na sessão Brincar. Para esse espaço, foram convidados oito ilustradores: Daniel Brandão, Guabiras, Ramon Cavalcante, Thyagão, Domitila Andrade, Sirlanney, Anna Manzanna e Simone Barreto. O grupo tem forte atuação na Internet, com páginas que garantem até mais de 200 mil curtidas. É o caso do Facebook da ilustradora Sirlanney, conhecido como Magra de Ruim.

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A seleção foi feita com o intuito de diversificar as mensagens, que trazem discursos de amadurecimento, feminismo e críticas sociais.

Elas possuem estilos diferentes, que envolvem desde o desenho mais minimalista até o de aquarela, bem colorido. Diferentes em suas estéticas, elas trazem uma vantagem: apresentar a visão do autor, que destaca a sua ideia com personagens, tempo, espaço, acontecimentos e outros elementos organizados em uma sequência compreensível para os leitores.


Como observa o quadrinista Daniel Brandão, que se destacou no Ceará durante a última década como professor de curso de quadrinhos, o artista não pode ser silenciado. Diante disso, o Vida&Arte oferece uma nova configuração e espaço para ilustrações de veteranos e novos artistas que vivem de experimentação. “O homem descobriu um método de se comunicar, desde os tempos das cavernas, com desenhos. Dito isso, não há motivos para censurar ou excluir os quadrinhos dos jornais. As tirinhas, inclusive, são conhecidas como um meio de comunicação louvável. Não à toa que é considerada como a nona arte”, diz Brandão. Conheça, a seguir, quem são os quadrinistas do Vida&Arte.

 

ÀS SEXTAS-FEIRAS


Anna Manzanna


Manzanna é Anna Mancini, artista mineira, que mora em Fortaleza e trabalha com ilustração, quadrinhos, tatuagens e outras linguagens.

Desde 2012, ela publica seu trabalho na Internet e, desde 2014, em publicações coletivas e independentes. Participou de exposições em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Em diferentes formatos e suportes, ela busca explorar uma linguagem ligada à síntese, ao mínimo e ao poético. “Eu acho excelente esse ressurgimento das tirinhas. Mais do que isso, eu acho importante ter publicações de tirinhas feitas por mulheres. Muitos jornais não se responsabilizam com isso, o que é uma pena. Mas o convite mostra a preocupação do O POVO. E eu o ocupo com alegria e com muita esperança de que olhem diferente para as artes das mulheres”.

FACEBOOK: Manzanna
INSTAGRAM: @manzannnna  

 

DE SEGUNDA-FEIRA A SÁBADO


Guabiras


Carlos Henrique Santos, conhecido como Guabiras, é cartunista do O POVO e publicou tirinhas no Jornal por quase 10 anos, desde que entrou em 1998. Ele também já teve mais de cinco mil tirinhas em jornais, revistas, fanzines e na Internet. Dos seus trabalhos de maior destaque, ele conta que fez uma história em quadrinhos no jornal Extra, de Nova York (EUA), em 2003. Em janeiro de 2017, Guabiras também ganhou o Prêmio Angelo Agostini de Maior Cartunista do Brasil. Outras revistas especializadas em quadrinhos que ele já participou foram a Tarja Preta (RJ), Escape (SP), Gibi Quântico (SP) e Mad (SP).


“Não é a primeira vez que quadrinhos são publicados nos jornais. No entanto, sempre, por alguma razão desconhecida, eles somem por tempo indeterminado. Foi assim nos anos de 1980, 1990 e 2000. Eu espero que dessa vez elas durem o máximo possível”, conta.


Para essa nova fase, ele lembra que gosta de abordar coisas do seu cotidiano, trabalho e influências da cultura nordestina e cearense.

“Todos os jornais deveriam publicar histórias em quadrinhos também.

Quadrinhos maiores, de meia página, de página inteira, de página dupla. Sejam quadrinhos jornalísticos, quadrinhos informativos ou quadrinhos de entretenimento”.

BLOG: blogdoguabiras.blogspot.com.br 

 

TODOS OS DIAS


Daniel Brandão


Quando tinha 9 anos, Daniel Brandão desenhava os seus primeiros heróis e quadrinhos. Ele se formou em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e cursou a Joe Kubert School of Cartoning and Graphic Arts, em Nova Jersei, EUA. A partir de 1996, ele atuou profissionalmente como quadrinista, ilustrador, arte-educador e empresário.


Daniel possui três prêmios HQ Mix pela publicação Manicomics e também trabalhou com a DC Comics, Marvel, Dark Horse, Abril e Maurício de Sousa Produções. O ilustrador coordenou o conteúdo do curso de quadrinhos do projeto HQ Ceará e organizou a Antologia HQ pela Fundação Demócrito Rocha, além de ter criado os personagens Liz, Sebastião e Cariawara e um estúdio próprio em Fortaleza, onde oferece cursos de desenhos, quadrinhos e mangá.


“Eu estava trabalhando com livros de quadrinhos, mas não estava fazendo quadrinhos. Estou muito empolgado por, finalmente, voltar a trabalhar com esse formato e por esse retorno necessário no novo caderno Vida&Arte”, conta. “Vou continuar interagindo com as histórias e imaginação fértil da minha filha, Liz, que é a minha inspiração de criatividade para boas histórias”.

FACEBOOK: Estúdio Daniel Brandão
INSTAGRAM: @estudiodanielbrandao  

 

ÀS SEGUNDA-FEIRAS


Domitila Andrade


Domitila Andrade é ilustradora e jornalista do O POVO. Ela conta que encontrou nos desenhos uma forma de se expressar quando as palavras faltam, o que a fez entrar em contato com aquarela. “Sou fascinada por como as cores tomam o papel, pelos rumos que água constrói. Sou encantada também pelo corpo, principalmente o feminino, e são eles que mais estão presentes no meu trabalho”.


Entre os trabalhos mais interessantes que ela destaca, estão a ilustração para Mostra Cultura de Cinema, da Livraria Cultura, e as ilustrações do Curta O Gênero, em 2015 (que entraram em uma mostra itinerante pelo Estado e por países da América Latina, e também em uma mostra em 2017 no Dragão do Mar).


“Desenho e escrevo sobre o que vejo, sobre o que sinto. As tirinhas serão em aquarela, feitas analogicamente: papel e tinta mesmo. No início, devo tentar focar em um personagem que tenho há algum tempo: a Mulher Listrada. Meio desbocada, pavio curto, feminista, viciada em café e Carnaval. E um tanto, desinibida,
digamos assim”.

INSTAGRAM: @mulherlistrada  

 

ÀS TERÇAS-FEIRAS


Sirlanney


Sirlanney, dona da página Magra de Ruim, com mais de 200 mil curtidas, é quadrinista, autora e, atualmente, está escrevendo uma graphic novel e um livro. Ambos estão em financiamento coletivo, onde os leitores podem apoiar com quantias pequenas para viabilizar os quadrinhos. Sobre as tirinhas, ela destaca que acha incrível valorizarem a arte em jornais novamente. “Um jornal que se dispõe a questionar de importância dos quadrinhos em várias culturas e povos é algo maravilhoso. Principalmente quando já se tornou natural mulher quadrinista. Os quadrinistas homens eram sempre preferidos para serem publicados. No máximo teria uma mulher no meio de todo o grupo. Então, com certeza, eu vejo como um momento importante de vitória. Estou muito feliz por fazer parte disso”.

FACEBOOK: Magra de Ruim
INSTAGRAM: @sirlanney  

 

ÀS QUARTAS-FEIRAS


Ramon Cavalcante


Nascido e criado em Fortaleza, Ramon estudou comunicação social, artes visuais e cinema, ainda que a sua maior paixão sejam os quadrinhos. Em 2004, ele fez parte do grupo que reabriu a Oficina de Quadrinhos da UFC e a Gibiteca Luiz Sá em 2007. Ele publicou seus quadrinhos em sites, revistas, livros, zines e antologias dentro e fora do país, como Day of Pray, pela Zuda Comics/Dc; World Comics, quadrinho da Índia; Até o Fim do Mundo, da Web-Comics; Barafunda e Quadrinhos Inofensivos, que possuem site próprio.


Ele pontua que o espaço para quadrinhos nos jornais é um desejo antigo para quadrinistas, especialmente no caderno de cultura. “Além disso, é uma satisfação enorme estar ao lado de artistas que são ídolos meus, como a Manzanna (Anna Mancini) e a Sirlanney, assim como nomes que eu estou muito ansioso para ver nos quadrinhos, como a Simone Barreto e a Domitila. Um espaço desses, com o alcance que O POVO tem, é um presente pra começar a produção de 2018 com todo gás”, diz. Já sobre os seus quadrinhos, ele destaca que sempre está querendo experimentar e testar novos formatos.

“Não me atrevo a tentar prever o que vai sair disso, embora tenha uns nortes. Mas com certeza não será nada nem infantil, nem de humor. Minha produção sempre reflete as minhas perturbações na vida, as coisas que me tocam, incomodam, me fazem vibrar. Quero dividir isso”.

TUMBLER: goo.gl/nbmCNx

 

ÀS QUINTAS-FEIRAS


Thyagão


Thyago Cabral, mais conhecido como Thyagão, é artista visual e sócio-diretor do Baião Studio. Ele também atua como professor dos cursos de Design e Publicidade da Uni7, e é acadêmico do curso de Artes Visuais do Instituto Federal de Educação. O artista também organiza o Baião Ilustrado, evento de ilustração de Fortaleza, trabalha com quadrinhos e facilitação gráfica em murais. “Eu espero que as pessoas se divirtam lendo como eu me divirto fazendo. No caso, vou fazer aquilo que já faço nos muros da Cidade. Vou trabalhar com reflexões sobre comportamento humano e tecnologia”, adianta.

SITE: baiaostudio.com.br
INSTAGRAM: @thyagocnc  

 

AOS SÁBADOS


Simone Barreto


Simone Barreto é conhecida por seu trabalho entre o desenho, ilustração e aquarela. Ela destaca que tem pensado em ampliar as possibilidades de materiais e temáticas, e de trazer, toda semana, as narrativas em torno do corpo, natureza, arquitetura e dramaturgias por vezes ficcionais, por outras autobiográficas. “A maior expectativa é a de aproximar e compartilhar as minhas produções e inquietações para com o público”, conta.


Segundo a artista, as mulheres sempre tiveram contato com a arte, mas foram apagadas pela história. “Existe uma tentativa de não visibilizar a produção das mulheres. Isso ainda acontece. Mas acredito que estamos conseguindo fissurar essa ‘história’ e escrever a nossa própria história através das nossas produções”, diz.

INSTAGRAM: @simonebarretoilustra

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