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Catherine Deneuve entrou na polêmica das denúncias contra assédio sexual tomando partido. Um dia após atrizes vestirem-se de preto para denunciar o machismo, um grupo de cem mulheres – entre elas a bela Deneuve - decidiu assinar um manifesto que mostrou as divisões do feminismo.
Elas consideram que os homens têm direito legítimo de “flertar” com as mulheres, de insistir no “flerte” e que ninguém deveria ser condenado por tocar no “joelho” de uma mulher ou tentar “roubar um beijo”. Em 24 horas feministas francesas assinaram um documento em que acusam a atriz e o manifesto de defenderem a “violência e o machismo”. Na carta assinada por Catherine, percebo uma certa piedade dos homens que me parece desnecessária. A grande maioria dos acusados admitiu que humilhou mulheres e usou o poder como “técnica” de sedução. Apenas num tópico concordo com a francesa. Nem tudo é assédio. Um elogio não deve ser considerado assédio, mas investir de forma a constranger uma pessoa, sim. “Roubar beijo” poderia ser muito romântico nos filmes de François Truffaut. Não é de defesa que os homens precisam, pois ainda é o discurso masculino que contribui de forma contundente para o julgamento público de uma mulher. E liberdade sexual não pode ser álibi para chamar violência de “flerte”.
Regina Ribeiro
Editora da Fundação Demócrito Rocha