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Volta ao mundo. Casal viaja em busca de novos sabores
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Volta ao mundo. Casal viaja em busca de novos sabores

Cotidiano: Numa aventura gastronômica de três anos, o casal sulista Vinicius e Daniela viaja de carro pelo mundo para conhecer diferentes pessoas, lugares e comidas
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O empresário Vinicius Bressiani, 37, estava para abrir o terceiro restaurante em Blumenau, Santa Catarina, quando refletiu sobre o rumo que tomava na vida. Mesmo sem expandir (mais) ainda o negócio, ele já trabalhava de domingo a domingo e, a cada ano, via as férias serem reduzidas de 30 para 20 ou dez dias. Diante dessa compreensão, Vinicius e a esposa, a servidora pública federal Daniela Bressiani, 37, decidiram abrir mão da vida no Sul para viajar de carro pelo mundo. Mas a aventura do casal não seria meramente sabática.
 

Desde a concepção, em 2016, a viagem seria um projeto de vida dedicado ao conhecimento de pessoas, lugares e, principalmente, comidas diferentes — interesses em comum do casal. “O contato com pessoas de diferentes regiões e culturas vai trazer uma bagagem pra gente que é incomparável”, espera Vinicius. Ele e a esposa concederam entrevista ao O POVO no Mercado São Sebastião, no Centro de Fortaleza, na manhã do último dia 11, quando o diário de bordo registrava o 71º dia do projeto Provando o Mundo.

Organização
 

Depois de um ano organizando finanças (venderam um carro, móveis da casa e economizaram o máximo que puderam), preparando roteiro (que inclui cinco continentes), se desprendendo de empregos, amigos e familiares e equipando o espaçoso e ao mesmo tempo compacto Toyota SW4 que se tornaria a casa dos dois, Vinicius e Daniela deixaram Blumenau em 2 de setembro deste ano, feriado que comemorava o aniversário de 167 anos da Cidade.
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Antes de chegarem ao Ceará, com paradas em Canoa Quebrada, Fortaleza e Jericoacoara, os viajantes saborearam temperos do Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. “Famílias e amigos sabiam que a gente não poderia fazer nenhuma outra coisa da nossa vida”, comentou Vinicius.
 

O principal gasto da viagem que, até agora, beira R$ 3 mil mensais, é com combustível para o carro. Basicamente porque eles optaram por uma jornada sem luxo — com dormidas ocasionais em meio à mata e banhos tomados em banheiros de posto de gasolina —, mas, também, devido à receptividade de quem encontram no caminho. “A gente pesquisa, vê o que mais representa o local, quem gostaria de participar (do projeto). As pessoas que nos respondem positivamente geralmente são apaixonadas por gastronomia”, detalhou Vinicius.
 

Mas nem sempre o casal fica na dependência dos parceiros. Com um pequeno fogão instalado na parte traseira do Toyota, eles descobrem receitas típicas, compram os ingredientes em feiras livres e cozinham “em casa”. No motorhome (casa-carro, em tradução livre) “tem também uma piazinha, todas as nossas panelas, temperos”, resumiu Daniela.

Sabores e descobertas
 

Daniela comentou que o casal se dispõe a provar de tudo: do cachorro-quente vendido num carrinho ao prato mais sofisticado de um restaurante chique. Contudo, ela, que é advogada, lembra que a experiência tem ido além da degustação. “A gente acaba tendo contato com as dificuldades do produtor. A gente achou que ia chegar aqui e ter castanha de caju barata, mas a castanha é muito exportada e sobra pouco pro mercado interno”. “E a questão ambiental, também”, emendou Vinicius, que é biólogo de formação. “Você começa a perceber a seca, a dificuldade pra produzir”.

Próximas paradas
 

Depois do Brasil, o casal segue para outros países da América Latina, sobe para a América do Norte e, de lá, para a Europa — para este destino, o carro será transportado num contêiner de navio. Eles pretendem morar pelo menos três meses na Itália antes de continuar o trajeto e estão dispostos a trabalhar para garantir a continuidade da viagem. “Na área da gastronomia é muito fácil juntar um pouco de dinheiro. Sempre tem extra pra fazer em algum restaurante”, projetou Vinicius, na ânsia de mostrar para o estrangeiro a culinária  brasileira.


Reflexivo, sentado à mesa de uma lanchonete do Mercado São Sebastião, o empresário concluiu: “Tem gente que quer construir uma aposentadoria confortável, que tem essa meta. A nossa meta é realmente viver. Ninguém sabe o amanhã”.  

 

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