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O ambiente na Câmara, afinal, está mais ou menos hostil ao presidente Michel Temer para tramitação da segunda denúncia apresentada contra ele pela Procuradoria-geral da República? Há muita gente que pensa o contrário, sei, mas minha convicção é de que o quadro piorou sensivelmente para o peemedebista e barrar a investigação, agora, será para ele um desafio muito maior. O cenário de tranquilidade anterior já não existe, com uma base de apoio muito menos articulada, divergências e desentendimentos que mostram sinais de uma desunião que antes não se percebia e delações de aliados importantes, já acontecidas ou em ameaça, que inevitavelmente o atingirão e farão crescer ainda mais a pressão sobre o Congresso. É um conjunto de fatores que certamente pesará no que vierem a decidir parlamentares cujas caras serão de novo colocadas em julgamento popular, obrigando-os a medir as consequências de possibilitar ao acusado um caminho que, pela segunda vez em menos de dois meses, pode levá-lo à salvação política. Sacrifício, como agravante, em favor de um governante cuja marca principal é a impopularidade. Mesmo que a hipótese de novo arquivamento seja real e não descartável, a verdade é que as circunstâncias, que incluem o fato de ser uma denúncia ainda mais forte e fundamentada, levam a se considerar como mais natural que desta feita o processo encontre menor resistência para seguir em frente.   

Guálter George
Editor-executivo do Núcleo de Conjuntura