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Nos últimos 408 domingos, o torcedor do Fortaleza acordou com uma rançosa angústia. No de hoje, enquanto passa manteiga no pão carioquinha do café da manhã, ele possivelmente está pensando um pouco mais aliviado: “até que enfim”. Perder na noite de ontem em Juiz de Fora-MG para o Tupi por 1 a 0 talvez tenha sido a mais doce derrota da história tricolor.
Como ganhara por 2 a 0 no jogo de ida, no Castelão, o resultado no estádio Mário Helênio foi o suficiente para lavar a alma e sacramentar o retorno do Leão do Pici à Série B após oito anos de calvário na Terceira Divisão do Brasileiro.
[SAIBAMAIS]
Depois de tanto sofrimento com seguidos insucessos, a promoção simboliza um ansiado regalo para o clube que completa 100 anos de história em 2018. Para o Fortaleza, a palavra centenário começa com a letra “B”. E também com mais possibilidades financeiras com cota de TV, patrocínio e bilheteria.
Um presente que começou a ser celebrado logo após o apito final e se estendeu pela noite de ontem e madrugada de hoje em toda a Capital.
E vai continuar hoje após o desembarque da delegação tricolor, previsto para as 15h30min, no Aeroporto Internacional Pinto Martins.
Também por aqueles que sofreram ao longo de toda esta década e acompanharam – impacientemente – o apito final, assistindo em casa ou nos bares da Cidade. Sem falar dos que viajaram até Juiz de Fora e que precisavam ver para crer que tudo aquilo que ocorria diante dos olhos era mesmo verdade. Um ceticismo quase natural após tantos momentos em que o Fortaleza tinha tudo para subir com o pé nas costas em outros anos. Em 2017, tudo foi diferente do início ao fim.
A começar pela própria qualidade do elenco, bem inferior tecnicamente aos anteriores nos quais as coisas não tiveram desfecho feliz.
Claudicante e irregular, a campanha leonina passou longe de deixar a arquibancada otimista, embora nunca tenha deixado de ser esperançosa.
Uma mudança de técnico no meio do caminho e a necessidade de classificação na última rodada temperaram a campanha do Fortaleza nesta Série C. Outro ponto de divergência em relação aos anos anteriores esteve no fato de o Fortaleza decidir seu destino longe desse torcedor, com quem passou por tantas agonias.
Tudo levava a crer que o roteiro teria um novo final infeliz. Desta vez, não foi. É bem verdade que ninguém, ninguém mesmo, esperava que tudo ia ser tranquilo. Assim, sem drama. Até o gol do Tupi aos 36 minutos do segundo tempo, marcado por Fernando, que fez gelar a espinha de toda uma torcida, calejada de tantas tentativas fracassadas de voltar à Série B. Era o momento em que todos os medos voltavam à tona no aspecto psicológico tricolor, que soube resistir aos minutos finais sem ser atingido.
Porque tudo neste ano foi diferente. Assim como os próximos domingos tricolores devem ser.