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Denúncia. O cenário que definirá o futuro político de Michel Temer
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Denúncia. O cenário que definirá o futuro político de Michel Temer

Há fatores positivos e negativos para Temer postos na mesa. Se a soma é mais propícia à abertura da denúncia que da primeira vez, cientistas políticos e políticos divergem
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Menos de dois meses após se livrar de primeira denúncia, o presidente Michel Temer (PMDB) precisa ter mais cartas na manga para vencer novamente na Câmara dos Deputados e enterrar as novas acusações. Denunciado por obstrução de justiça e organização criminosa pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot — que se despede amanhã do cargo —, ele enfrenta outro cenário.


Denúncia deve ser enviada à Câmara na próxima semana, em momento pós delação de Lúcio Funaro, empresário que acusou Temer de liderar quadrilha do PMDB; pós prisão de Geddel Vieira Lima, ex-ministro suspeito de ter relação com R$ 51 milhões encontrados pela Polícia Federal em apartamento em Salvador; e pós anulação dos acordos de delação com Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS.


O cenário também é de pós aprovação de reforma trabalhista, melhoria em índices econômicos e novo comando na PGR, com Raquel Dodge, apontada como de perfil mais “tranquilo”. O resultado da votação, porém, não será de simples soma das partes: as opiniões se dividem sobre se o momento é, ou não, mais propício para abertura.


O cientista político e sociólogo Rodrigo Prando, que acredita que “o ambiente é mais favorável a Temer do que o contrário” aponta o raio da denúncia como um fator “positivo” ao Temer. “A nova acusação não é só contra o Temer, mas contra cúpula do PMDB e alguns nomes ligados a outros partidos. Isso de não concentrar na figura de um, o presidente, mas diluir em outros políticos, gera um pacto de ‘salvem-se todos’”.


Para o professor de Ciência Política Adriano Gianturco, porém, a quantidade de denunciados, que são nove, deixa a negociação mais “cara” em um momento em que Temer já teria gasto todas as moedas de troca para barrar primeira denúncia. “Não vai ser só o Temer que vai distribuir favores, eles também vão, mas há menos recursos, agora resta menos margem para fazer isso. É uma questão matemática: eles são mais e têm menos o que oferecer, então o ‘preço’ sobe”.


Gianturco também cita o “desgaste” do presidente, que aumentou depois da prisão de Geddel e das delações. Para Prando, porém, isso não tem gerado muitas consequências: “O Temer já é o presidente mais impopular da história, não tem como influenciar mais negativamente que isso”. O que pode pesar, no entanto, é o ano eleitoral que se avizinha: se a pressão popular pela denúncia crescer, deputados podem pensar duas vezes antes de apoiar Temer.


Câmara

Na Câmara, deputados se dividem sobre o momento. Se membros da oposição são unânimes em afirmar que uma vitória será mais custosa ao presidente, a base se divide. Danilo Forte (PSB), que votou contra abertura da primeira denúncia, diz que “com certeza” será mais difícil, porque “a repetição dos fatos, aproximação da eleição e acirramento do quadro político cria quadro de dificuldades”.

 

Vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG) protagonizou discussão com o ministro da articulação política de Temer Antonio Imbassahy, mas diz que “o presidente é um bom articulador, tem uma relação muito boa com o Parlamento”.


O líder da minoria José Guimarães (PT), no entanto, afirmou que “tem ouvido falar” que Temer “não cumpriu o que prometeu” da outra vez, o que diminui possibilidade de negociação. “Estamos otimistas”, diz.

 

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