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Confronto das ideias. Após uma sequência de resultados insatisfatórios, o Fortaleza dispensou o técnico Paulo Bonamigo e contratou Antonio Carlos Zago para o cargo. Ele é o terceiro treinador do Tricolor em 2017. Este foi um bom momento para a troca do técnico do Fortaleza?
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Confronto das ideias. Após uma sequência de resultados insatisfatórios, o Fortaleza dispensou o técnico Paulo Bonamigo e contratou Antonio Carlos Zago para o cargo. Ele é o terceiro treinador do Tricolor em 2017. Este foi um bom momento para a troca do técnico do Fortaleza?

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SIM

 

Elenilson Dantas
elenilsondantas@hotmail.com
Autor do Blog do Leão

 

Em condições normais de pressão e temperatura, seria absurdo admitir a hipótese de demitir o treinador faltando três jogos para encerrar a primeira fase. Paulo Bonamigo até que começou bem, acho até que “tirou leite de pedra”. Fez até com que o criticado sistema defensivo fosse pouco ou quase nada ofendido durante vários jogos. Quando assumiu o comando da equipe, Bonamigo conseguiu nos passar um cenário de evolução constante, mesmo que de maneira discreta. O bom futebol do improvisado Mancha na zaga, as boas estreias de Hiago, Jô e Paulo Sergio, os gols de Lúcio Flávio e a solidez da defesa começavam a tirar a pulga da orelha do desacreditado torcedor. O ápice foi a incontestável vitória por 3 a 0 em cima do Sampaio no PV, mesmo com um jogador a menos.

 

Porém a equipe entrou em parafuso há algumas rodadas e piorava assustadoramente a olhos vistos. Os questionamentos e as dúvidas voltaram a invadir as mentes dos tricolores, e o desejo de buscar uma explicação se misturava com o medo de uma eliminação precoce. Se Bonamigo perdeu as rédeas do grupo ou se simplesmente se perdeu em meio às poucas opções de qualidade no elenco, principalmente no setor ofensivo, não importa. A certeza que fluiu naturalmente é que algo precisava ser feito. E assim, a mudança de comando foi inevitável. Chego a afirmar, sem sombra de dúvidas, que mais importante do que a qualidade do técnico que estava por vir era a própria saída do bom, porém desgastado, treinador Bonamigo.

 

Quanto ao Zago, sabemos de sua vitoriosa trajetória como atleta e que recentemente mostrou que tem também um grande futuro na beira dos gramados. No momento, temos somente que abraçá-lo no objetivo comum e torcer para que ele tenha a mesma luz de Zé Teodoro que, em um belo dia, nos deu o que havia nos retirado no passado.

 

NÃO

 

João Airton de Matos Pontes
airtonpontes@bol.com.br
Professor do Instituto de Educação Física e Esportes da UFC

 

Com essa atitude, o Fortaleza Esporte Clube se insere entre os clubes imediatistas; afinal, contratar um novo técnico faltando apenas três jogos para o término da fase classificatória pode ser uma ação suicida. O novo treinador Antonio Carlos chega ao Pici como se tivesse uma “varinha de condão”, com uma espécie de poder para fazer o time jogar um futebol eficiente. A admissão de um “salvador da pátria” não se coaduna com os preceitos de organização e do bom planejamento. Um técnico deve estar em contato com os seus atletas no cotidiano, conhecendo suas habilidades e variadas formas de atuação no campo, mas se torna inviável na condição em que foi contratado.

 

Sendo um observador do futebol somos de opinião contrária à contratação não do profissional Antonio Carlos, mas da forma e dos objetivos ao qual o clube se propõe. Há, no entanto, que se indagar: o elenco tricolor vem correspondo às expectativas da torcida? As contratações foram planejadas a contento? O número de jogadores é de qualidade técnica à altura do que representa o Fortaleza Esporte Clube? Os atletas oriundos das categorias de base estão sendo aproveitados na equipe principal?

 

São questões fundamentais para serem respondidas pelas pessoas que dirigem o clube e que representam a torcida. É básico no mundo globalizado se administrar com planejamento e conhecendo o “mundo da bola”, familiarizando-se com os agentes formadores e com a demanda de atletas e supervisores. Diferente do treinador contratado, o técnico Paulo Bonamigo tinha uma vantagem a seu favor, conhecia o grupo em todos os aspectos - a forma de jogar de cada atleta e a melhor maneira de utilizá-los em um sistema a ser empregado. Porém os resultados conspiraram contra, não por culpa do “comandante”, mas talvez por razões que o tempo detectará.
Enfim, a decisão tricolor pode até dar certo - afinal, o futebol vive na subjetividade -, mas continuo a acreditar que planejar ainda é uma boa saída.

 

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