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Editorial. Um alerta aos jovens e aos pais
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Editorial. Um alerta aos jovens e aos pais

A devastação provocada na vida de adolescentes que passaram pela experiência traumática de abuso sexual
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A edição deste domingo do O POVO retoma assunto que foi notícia no mês de março deste ano, quando foi preso o líder de uma comunidade católica suspeito de abusar sexualmente de jovens seguidoras. Paulo Monteiro Amorim, fundador da comunidade Família em Missão, foi preso por suspeita de estuprar pelo menos cinco jovens, sendo que duas delas tinham 12 anos de idade quando sofreram o abuso, segundo investigação da Polícia Civil. A detenção foi decidida pela 2ª Vara da Comarca de Fortaleza e as informações, publicadas à época, foram divulgadas pela equipe do 2º Distrito Policial, que efetuou a prisão.


É importante destacar a devastação provocada na vida de jovens que passam por experiências traumáticas desse tipo. O sensível texto da repórter Ana Mary C. Cavalcante traduz a profunda angústia, medo e até sentimento de culpa nas meninas com as quais ela conversou. O que elas dizem é, ao mesmo tempo, um desabafo e um alerta para outras jovens e para todas as famílias. Mesmo sendo minoria ou exceções, é preciso tomar cuidado com certos grupos, religiosos ou não, que se aproveitam da fragilidade dos adolescentes - um período tipicamente conflituoso - para afastá-los das famílias, prometendo-lhes um bálsamo que, supostamente, não encontrariam em suas próprias casas.


Quando essa rede perversa se fecha, é muito difícil desvencilhar-se, como relataram as jovens. “Fiquei em pânico”, disse uma delas, “a sensação que eu tinha é que ninguém ia acreditar em mim”. Outra, que também imaginava que suas palavras não teriam crédito, revela: “Fiquei sofrendo por dentro”. Felizmente, elas conseguiram desvencilhar-se dessa situação terrível, mas até hoje seguem em tratamento psicológico para superar o trauma.


A comunidade reunia-se na Paróquia de São Vicente de Paulo, no bairro Dionísio Torres. Na ocasião, o padre Raimundo Neto disse que o grupo alugava o espaço pertencente à paróquia para seus encontros, mas não tinha vínculos com a igreja. Seria equivocado responsabilizar a Igreja pelo que aconteceu, ainda que se possa cobrar mais cuidados sobre as atividades realizadas em seus espaços. A página do Facebook da comunidade Família em Missão ainda está no ar, mesmo sem atualizações, e continua indicando como seu endereço a sede do Centro Comunitário São Vicente de Paulo.


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