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Cleto B. Pontes: "Há subjetividade no fato"
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Cleto B. Pontes: "Há subjetividade no fato"

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Tipo Notícia Por

Cleto B. Pontes

cletopontes@uol.com.br

Psiquiatra


Desafio algum expert a explicar o Brasil. Um fato realmente é um fato? Ou há subjetividade na interpretação do fato? Durkheim contrariou o conceito de ciência, pois o seu interesse legítimo era tornar a sociologia em uma ciência. Com fé e objetividade, ele abraçou a causa, e a sociologia passou à ciência acadêmica, não menos importante do que a física e a biologia. O fato social, segundo ele, exerce um poder de coerção na forma de pensar, sentir e agir. A tese de sua autoria, Le suicide, foi a sua aprovação, publicada em livro no ano de 1900. No mesmo ano, Freud defendeu o contrário no livro Interpretação do Sonho, no qual a subjetividade não pode e nem deve ser alheia ao sujeito da ação.

 

Sergio Moro errou ao abdicar da sua postura positivista. Se Lula foi julgado e condenado à prisão, a cadeia deveria ser o seu domicílio. Ao citar dona Leticia no seu depoimento, Lula causou embaraço. O impactante nesse caso foi o fato de que nenhum de seus filhos teve a coragem de defendê-la como um ente querido, que morrera meio a denúncias que comprometiam a família do marido presidente. Existe amor nesta família ou somente ódio? Infelizmente, assim caminha o Brasil subterrâneo, nunca antes imaginado que viesse à tona.


Se para Durkheim, cirurgião no exercício de sua função deveria estar na sala de cirurgia, professor na sala de aula, dentista em consultório e assim por diante, por que um criminoso não vai para cadeia e outro sim, depois de julgado e condenado? De imediato, há uma explicação plausível.


No Brasil, juiz passou a legislar politicamente e político virou justiceiro de dar inveja a Lampião. Falcatruas na calada da noite governam o nosso país, sugerindo o questionamento: o que está acontecendo é fruto de um determinismo genético ou social? Com impunidade, qualquer hipótese ou tese, objetiva ou subjetiva, vira castelo de areia. Impunidade é uma árvore daninha e frondosa a frutificar nepotismo de toda espécie, como a genrrocracia, a burocracia e corrupção, as duas últimas nascidas de uma mesma flor.


Obviamente não foi o PT que inventou o roubo, muito menos a prevaricação e o hábito de esvaziar o cofre do Estado. Mas, com sua “proposta ética operária”, roubou muito, mais do que qualquer capitalista no poder, comparável aos saques de ouro no século XIX na América. Em terras mexicanas, os ianques se apossaram do ouro como deles. É prudente não confundir imageticamente o personagem de John Wayne com Lula que, após Moro, adotou persona de bandido semelhante aos mexicanos desdenhados pelos cineastas norte-americanos.


Odores e fatos, o jornalista Laurentino Gomes revela em livro de sua autoria uma pilhéria carioca do início do Império: quem rouba pouco é ladrão; quem rouba muito é barão; quem rouba muito e esconde é visconde. Com tanto blá-blá, ladrão, barão e visconde merecem celas de prisão, até mesmo porque a tornozeleira anda cada vez mais escassa no País.

 

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