Dos 171 teleatendentes da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), 70% são mulheres. Por causa disso, homens — entre adolescentes e adultos — confiantes no “anonimato” do contato com o serviço de emergência costumam ocupar as linhas telefônicas para proferir abusos, conforme relatam a teleatendente Liliane Macieira, 32, o tenente-coronel Teógenes Coelho, da Ciops, e o gerente do Samu Fortaleza, Daniel Lima.
“Geralmente, acontece na madrugada. Eles ligam e falam coisas imorais. Começam perguntando o nome da gente, porque a gente é obrigada a dizer, e começam a dizer coisas pornográficas”, relata Liliane. Ela diz que fica constrangida com o que ouve e se ressente de não poder responder como gostaria. “Não podemos falar nada”. O protocolo é o mesmo, ela explica: “trote é crime”. Fim da ligação.
“Eles ficam com essas palavrinhas obscenas”, diz o médico Daniel, do Samu. “São as situações mais aberrantes. O camarada, homem, quando uma moça dessa atende (ao telefone), fala as coisas mais horrendas”, reforça o tenente-coronel Teógenes Coelho. Como prejuízo àquele que pratica o assédio, fica a incredibilidade do número. “A gente diz logo que trote é crime e nem escuta mais nada. Não tem condição”, resume Liliane.