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Sergio Machado. A rotina de luxo de um delator
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Sergio Machado. A rotina de luxo de um delator

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O cearense que assombrou Brasília e derrubou ministros de Michel Temer (PMDB), com gravações confidenciais, continua vivendo uma rotina de luxo no Ceará enquanto o processo contra ele continua paralisado na Justiça.


Mesmo acusado de movimentar cerca de R$ 192 milhões em propina, oriunda de contratos fraudulentos entre empreiteiras e a Petrobras, Sergio Machado ainda não devolveu todo o dinheiro que se comprometeu à Justiça e, financeiramente, goza do patrimônio conquistado de forma duvidosa nos últimos anos.


Isso porque ele desistiu, em agosto do ano passado, de cumprir a pena antecipada como havia se comprometido e espera o julgamento dos crimes que reponde. A defesa, à época, justificou a desistência como “de foro íntimo”.


A mansão onde mora no bairro Dunas, em Fortaleza, tem meio quarteirão de extensão, muro alto, cerca elétrica, e segurança privada fortemente equipada com direito a guarita. O “cuidado” exacerbado com a integridade física do ex-parlamentar pode ser justificado por ele ser acusador de homens poderosos de Brasília, desde que formalizou o acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O ex-presidente da Petrobras Transporte S.A (Transpetro) pode ser alvo claro de delatados por ele no ano passado.


A reportagem, sem agendar antecipadamente, foi até à casa do ex-senador pelo PSDB, no início da tarde da última quinta-feira, 11, para tentar entrevistá-lo. A intenção era buscar respostas sobre a atual situação dele com a justiça, um ano depois de formalizar acordo de colaboração premiada para reduzir a pena, além de demais questões envolvendo as acusações e o esquema na Petrobras.
A equipe, recebida pela segurança armada, foi informada que o ex-comandante da distribuição milionária de propina na estatal não estaria na residência. O POVO procurou ainda contato com algum familiar ou representante jurídico, mas não foi recebido.


Ainda em novembro do ano passado, o ex-presidente da Transpetro foi visto fazendo atividades físicas em uma academia de luxo de um shopping próximo à sua residência. No vídeo que circula na internet, o ex-senador aparece em uma esteira ao lado de um personal trainer.


O POVO também esteve na academia de musculação, mas não localizou Machado.

 

Durante a quinta, 11, e a sexta-feira, 12, a reportagem procurou também a Moraes Pitombo Advogados, escritório com sedes no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, e que defende o cearense no âmbito da Operação Lava Jato. A assessoria da defesa afirmou que os casos envolvendo nomes investigados na Lava Jato não estavam sendo retratados para a imprensa. 

 

Delação


Na colaboração premiada, realizada em 16 de março de 2016, Sergio Machado admite ter repassado propina a mais de 20 políticos de seis partidos. No documento, que teve colaboração também dos filhos Sergio Firmeza, Expedito Neto e Daniel Machado, aparecem os nomes de Michel Temer (PMDB), Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Jader Barbalho (PMDB-PA), Edison Lobão (PMDB-MA)e Aécio Neves (PSDB-MG), além dos deputados Heráclito Fortes (PSB-PI), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Marco Maia (PT-RS). Os nomes do vice-governador do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles (PP-RJ), e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa,
também aparecem.


Ainda segundo o acordo, o cearense teria repassado apenas para o PMDB, que apadrinhou a nomeação dele, cerca de R$ 100 milhões durante os 11 anos que presidiu a empresa estatal. O ex-senador deixou o cargo em 2014 após renunciar o posto.

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