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Paulo Bonamigo. "Não podemos começar a Série C pensando em mata-mata"
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Paulo Bonamigo. "Não podemos começar a Série C pensando em mata-mata"

Assumindo o Leão em momento conturbado, técnico tem responsabilidade de impedir que Fortaleza passe o ano do centenário na Série C do Brasileiro
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A missão está longe de ser das mais tranquilas. Mas Paulo Bonamigo, 56, não titubeou em aceitar o convite do presidente interino Marcelo Desidério para assumir o comando de um time que foi eliminado precocemente em todas as competições que disputou até o momento em 2017. O momento do Fortaleza é de crise, com renúncia da presidência e saída de atletas. A luta, agora, é para salvar a temporada acabando com o calvário de oito anos na Série C do Campeonato Brasileiro. É a última tentativa que o Tricolor tem para não estar na Terceirona em 2018, ano do seu centenário.


Em entrevista ao O POVO, o novo comandante, que estreia neste domingo pelo Tricolor, contra o Remo (leia mais na página 29), falou sobre a preparação para a disputa, garantindo que está pronto para implementar um futebol moderno como receita para o acesso à Série B.


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O POVO - Você chega ao Fortaleza em um momento muito conturbado. Quais as primeiras medidas que foram tomadas após sua chegada?

Paulo Bonamigo – Pelo momento e por tudo que ocorreu nos primeiros meses do clube, o normal era encontrar o elenco com psicológico abalado, com autoestima baixa. Procuramos elevar os níveis de confiança para melhorar a força mental dos atletas. Eles precisam esquecer o que passou. O que vale é a partir de agora.

OP - Na sua apresentação, você falou em tirar o peso dos últimos anos que o time não tem conseguido o acesso. Como fazer isso?

Bonamigo – Não é nem tirar o peso, é saber carregar. E de forma coletiva. Não podemos individualizar a cobrança, pois não é só um jogador que vai resolver tudo. Somos um grupo, e precisamos estar muito coesos e unidos para conseguir nosso objetivo.

OP -A volta ao Fortaleza ocorre dez anos depois da sua primeira passagem, quando conquistou o título estadual. Acha que o convite para seu retorno teve peso maior pela memória afetiva?

Bonamigo – Não só isso, foram vários fatores. Teve um peso, claro, conhecer minha característica e meu perfil como treinador. Sem dúvidas teve um peso grande a primeira passagem que eu tive. Mas acredito que foi mais pela necessidade e pelo momento do clube.

OP – Depois de seis anos nos Emirados Árabes, o que faz você se sentir preparado para conseguir tirar o Fortaleza da Série C?
Bonamigo – Voltar a recomeçar no Brasil, evidentemente, é um desafio. Mas quero colocar em prática tudo que tenho aprendido ao longo dos últimos anos. Cada um confia no que entende de futebol. Após a experiência internacional, me sinto muito mais preparado do que se estivesse no futebol brasileiro, pois consegui um vasto conhecimento, com outras metodologias de trabalho que pretendo utilizar aqui. Estou hoje muito mais maduro e preparado.

OP – Qual vai ser o perfil da sua equipe? Um time mais brigador?
Bonamigo – Não, se eu for brigador... A Série C não é UFC. O time vai ter disciplina, aplicação tática, mas também muita qualidade com a posse de bola. Um time intenso, com qualidade técnica, personalidade, organizado e com coragem de se impor dentro e fora de casa.

OP - Em termos táticos, o que você pretende utilizar?
Bonamigo – Manter o que estava sendo feito é uma boa opção. Gosto do sistema 4-1-4-1, com duas linhas de quatro, usando dois jogadores de mobilidade na frente. Mas posso fazer variações de movimento, algo que pode mudar de acordo com peças que virão nos reforçar. Quero um time organizado, sempre com linhas compactas e jogo apoiado, para fazer uma boa transição ofensiva e defensiva. É esse estilo que quero. Mais importante que o esquema é que os jogadores aceitem a ideia que vou vender a eles.

OP – Como você analisa a Série C do Campeonato Brasileiro?
Bonamigo – É uma competição diferente. Pela forma de disputa, com duas etapas; é preciso saber jogar duas competições. Primeiro a de pontos corridos, em que é preciso ter regularidade. Depois, o mata-mata, que exige pragmatismo total, pois não pode errar. Vamos trabalhar muito a concentração para isso, pois é um modelo diferente e que a equipe precisa saber se adaptar.

OP – O Fortaleza parece não ter se adaptado, pois o mata-mata foi exatamente onde o time pecou nos últimos anos. O que fazer para que
agora seja diferente?
Bonamigo – Primeiro temos que ir passo a passo. A primeira etapa é buscar a classificação na fase de grupos, e depois entrar na parte decisiva da competição com foco total para saber conter a ansiedade. Tem que ser uma ansiedade positiva, de confiança. Tem que saber jogar o mata-mata. Quero chegar nessa situação e lá eu vou saber resolver. Primeiro, um passo de cada vez. Não posso falar o que vamos fazer no mata-mata porque primeiro precisamos chegar lá. Chegando, vamos trabalhar a questão emocional, psicológica, para colocar a motivação necessária. Lá na frente vamos nos preocupar com isso, mas não podemos começar a Série C pensando em
mata-mata.

OP - Com o elenco que você tem hoje há condições de fazer um bom papel na Série C?
Bonamigo – Não, com o que vier, que nós podemos trazer mais umas cinco peças, vamos ter condições de atingir nossas metas. Isso que tô falando é para iniciar a competição. Podemos fazer alguns ajustes depois, o que é normal. Mas, para iniciar, é isso.

OP – Em sua primeira entrevista, você disse que se surpreendeu positivamente com o que viu do elenco...
Bonamigo – Sim, mas nós precisamos reforçar. O que acontece é que os números não estavam coincidindo com a força do elenco. É normal que tenha situações que o atleta não tem performance para conseguir os objetivos, mas temos que nos reforçar. Já estamos fazendo isso e vamos fazer quanto
for necessário.

OP - Como analisa os adversários do Fortaleza?
Bonamigo – A Série C é muito competitiva, tem um perfil de jogos com alta intensidade, muita correria, e nós precisamos saber ser organizados para jogar como devemos.

OP - Esse desafio de tirar o Fortaleza da Série C é o maior da sua carreira?
Bonamigo – É grande, mas não é o maior. Eu já peguei o Botafogo em último lugar no Campeonato Brasileiro após 28 rodadas e conseguimos escapar do rebaixamento na última rodada. A pressão era muito grande, assim como agora. Mas estou preparado.

 

VÍDEO

 

Veja trecho da entrevista em
bit.ly/2qcl4Yz 

 

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